Existem cerca de 1,4 milhões de crianças cegas no mundo, de acordo com a Organização Mundial de Saúde. Nos Estados Unidos, por exemplo, apenas cerca de 10% das crianças cegas aprendem braille, segundo um relatório de 2017, da Federação Nacional dos Cegos. Foi a pensar nestes números que a LEGO Foundation e a LEGO Group apresentaram esta quarta-feira, 24 de abril, em Paris, uma nova coleção de tijolos de brincar em braille. O objetivo é o de ajudar as crianças com dificuldades visuais a aprenderem a língua tátil dos cegos enquanto brincam.

Assim, de acordo com a LEGO, o número de pinos de encaixe dos novos blocos vai corresponder a cada letra ou número do alfabeto braille. Também vão ter as letras e os números para que os professores e crianças sem problemas de visão, possam também aprender a ler em braille.

O Diretor Sénior de Arte da LEGO Group, Morten Bonde, que sofre de um distúrbio nos olhos que o deixa cego gradualmente, participou como consultor no projeto e afirmou que "experimentar as reações de alunos e professores à LEGO Braille Bricks foi extremamente inspirador".

"Fez-me perceber que as únicas limitações que vou encontrar na vida são aquelas que eu crio na minha cabeça. Fico comovido por ver o impacto que este produto tem no desenvolvimento da confiança académica e da curiosidade das crianças cegas e deficientes visuais nos seus primeiros dias de vida."

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O projeto já está a ser testado em dinamarquês, norueguês, inglês e português e durante o terceiro trimestre deste ano será também lançado em alemão, espanhol e francês.

Ainda de acordo com a empresa dinamarquesa, é esperado que o produto final seja lançado em 2020. Os kits serão compostos por cerca de 250 blocos de cinco cores diferentes, com o alfabeto completo, números de zero a nove, alguns símbolos matemáticos e também vão incluir ideias para jogos didáticos e interativos.

A ideia para o projeto LEGO Braille Bricks surgiu em 2011, sugerida pela Associação Dinamarquesa dos Cegos. Em 2017, a Fundação dos Cegos Dorina Nowill voltou a tocar no assunto. Agora, o projeto nasceu e conta com a colaboração de associações da Dinamarca, Brasil, Reino Unido e Noruega.