Escrever Rainha Isabel II é o que basta para provar que a internet é infinita. Afinal, são 93 anos de vida — assinalados este domingo de Páscoa, 21 de abril — e outros 67 à frente de uma família real que, se não fosse já por si feita de príncipes e princesas, podia servir de argumento para um filme de ficção. Há casamentos, divórcios, princesas do povo, mortes inesperadas e netos que casam com estrelas de Hollywood.

A tudo isto, Isabel II assiste com a atitude calma e ponderada a que habituou um povo que a idolatra. Afinal, estamos perante a rainha com mais tempo de reinado da história, recorde que já anteriormente se mantinha em família. A sua trisavó, a rainha Vitória, ocupou o trono por 63 anos, sete meses, dois dias, 16 horas e 23 minutos. Mas querem mais motivos para entrar no Guinness? A rainha (e a internet, claro) dá.

Em 2015, Isabel II passou a ser a monarca há mais tempo em funções em mil anos de reis e rainhas britânicos e tem com o Duque de Edimburgo o casamento real mais longo da história. Mas há mais. É a cara mais estampada em moedas do mundo, uma vez que é chefe de Estado de 16 nações independentes, e é também a rainha que conheceu mais países. Contas feitas no ano passado davam conta de 116 países visitados em 265 visitas oficiais.

E ainda que tenha abrandado o ritmo das viagens e presenças em eventos oficiais, Isabel II atingiu um estatuto no qual basta viver para que cada ano seja celebrado em grande. Este sábado, a festa é de arromba e conta com as atuações de Tom Jones, Kylie Minogue, Craig David e Anne Marie (polémicas à parte, há quem diga que o príncipe Harry se entusiasmou com a escolha musical e acabou por fazer um cartaz mais à medida dos seus gostos do que aos da avó).

E depois de Isabel II?

É certo que com 93 anos foram para já poucos os momentos de preocupação com a saúde da rainha. Mas não deixam de ser 93 anos e há que olhar para o futuro com olhos de quem vê a questão da sucessão como algo que se aproxima vertiginosamente.

Para não deixar essa questão em mãos alheias, foi a própria Isabel II a tomar as rédeas ao pedir esta semana à Commonwealth (organização intergovernamental composta por 53 países, na sua maioria ex-colónias) que eleja príncipe Carlos como seu sucessor, uma vez que esta sucessão não é hereditária.

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“Desejo que decidam um dia que o príncipe de Gales possa continuar a desempenhar o importante trabalho que o meu pai começou em 1949”, declarou a rainha, num discurso proferido diante de 46 líderes dos 53 países que integram a Commonwealth — da qual é líder desde que subiu ao trono em 1952.

Ainda que a lógica de sucessão dê primazia a Príncipe Carlos, a verdade é que, por vontade do povo britânico, seria William a suceder à avó. Uma sondagem feita pelo Daily Mirror e que, aliás, apenas vem reforçar outras tantas feitas ao longo dos últimos anos, mostra que a maioria, neste caso 54%, prefere ver William à frente da monarquia britânica. Apenas 25% escolheria o príncipe Carlos.

A popularidade de William sobe ainda mais quando o público é mais jovem — entre os 18 aos 34 anos, 65% prefere ver William no trono.

Mas se a sucessão da Commonwealth está assegurada — isto se a vontade da rainha for tida em conta — a do trono, apesar de continuar em família, não está a seguir uma rota linear. O nome imediatamente a seguir ao de Isabel II é o do seu filho Carlos. Na mesma linha segue-se o neto, William e os respetivos filhos, George, Charlotte e Louis.

Em 2013, a nova lei de sucessão à coroa pôs fim a um sistema em vigor desde 1701 e que ditava uma primazia masculina na sucessão. Com a entrada em vigor dessa nova lei, ficou estipulado que os homens nascidos depois de 28 de outubro de 2011 deixam de ter precedência sobre as irmãs mais velhas na linha de sucessão. Assim, sendo o terceiro filho de William e Kate um rapaz — Louis, que celebra o primeiro aniversário já a 23 de abril —, será a primeira vez que um herdeiro do sexo masculino ficará atrás de uma sucessora do sexo feminino, neste caso, Charlotte.

Há que pensar no futuro, é verdade, mas a verdade também é que quando essa questão se puser, é (mais do que) provável que Isabel II não esteja cá para ver a sua família fazer história. Agora, a preocupação é celebrar mais um ano de uma vida que enche toda uma internet de notícias.

Voltámos a escrever "Rainha Isabel II" no Google antes de darmos o texto por concluído, ainda a tempo de saber que vai ser ela a dar o tiro de partida para a maratona de Londres, é fã de "A Guerra dos Tronos" e proibiu o uso de garrafas descartáveis e palhinhas no Palácio de Buckingham para evitar o desperdício de plástico. God save the queen!