Quando era miúda, um dos meus passatempos favoritos passava por enfiar-me no quarto e transformar cada pedaço de chão propriedade dos meus Playmobil. A brincadeira ocupava uma ponta à outra da divisão e, no meu pequenino corpo (mas grande imaginação), parecia que tinha um pequeno planeta aos meus pés.

Naquele momento, o meu quarto parecia não ter fim. O verdadeiro desafio era organizar os móveis dentro das divisões pensadas para os bonecos. Era uma verdadeira ginástica conseguir encaixar a cama, mesa, cadeiras e sei lá mais o quê num pequeno quadrado. Piorava quando tentava meter um cavalo dentro da ambulância ou a família inteira no porão do barco pirata.

Viver numa casa em Lisboa nos dias que correm é mais ou menos como brincar aos Playmobil — não há espaço para grandes invenções, não há milagres, mas com um bocadinho de pensamento estratégico e organização a coisa vai ao sítio. Só não vale a pena dar uma de hoarder. Não há espaço para isso.

A minha casa é um T1 tão pequeno que poderia ser um T0. Não me levem a mal, adoro a minha casa, mas estamos a falar de um espaço que é de facto muito pequeno: o sofá está colado à placa do fogão, a mesa está presa à parede, só dá para duas pessoas e é o único sítio onde cabe uma máquina de café. Em termos de arrumação também não é fácil: só há seis gavetas pequenas onde guardar roupa e um roupeiro inimigo das fashionistas que vão às compras todos os meses.

Feito o resumo da minha vida, saltemos para a conclusão: tornei-me numa especialista a rentabilizar espaço. Depois de muitas dores de cabeça e jogos de puzzle tentativa-erro, aprendi pequenos truques que me permitem aproveitar (mesmo) cada centímetro de espaço. Chamem-me a Marta Kondo dos T1's alfacinhas, eu aceito de bom grado a alcunha.

1. Cestos que encaixam dentro de gavetas

Dicas para quem vive num T0 (ou num T1 mesmo muito pequenino)

Não é preciso gastar imenso dinheiro a comprar cestos giraços: eles vão ficar dentro da gaveta, portanto praticamente não se veem. É uma ótima opção para juntar meias, cuecas e sutiãs: se antes eu usava uma gaveta e meia para a roupa interior, agora só preciso de uma.

Atenção que também aqui é preciso destralhar: apercebi-me quando mudei de casa que tinha cerca de 40 pares de meias. Impensável. Agora só tenho oito pares de meias de inverno, as de verão foram para debaixo da cama. É assim a vida de quem tem pouco espaço.

2. Caixas em cima dos armários

Dicas para quem vive num T0 (ou num T1 mesmo muito pequenino)

Esta foi a minha aquisição mais recente: comprei duas caixas amarelas, uma grande e outra pequena. A grande foi para cima do armário maior, a pequena para cima do armário mais pequeno. E o que é que está lá dentro? Bem, tudo e mais alguma coisa, desde a PlayStation 3 até à minha carteira profissional desatualizada. Basicamente, tudo o que não tem utilidade prática mas que não quero deitar fora.

A imagem é meramente ilustrativa, mas dá para perceber a ideia. Já agora, o meu quarto é mais pequeno do que este.

3. Já espreitou para debaixo do seu sofá?

Dicas para quem vive num T0 (ou num T1 mesmo muito pequenino)

Eu espreitei este fim de semana. E cheguei à conclusão de que o meu pequeno sofá de dois lugares é oco por baixo. Sabem o que fiz imediatamente? Enfiei a minha mala de viagem (que lá dentro tem outra mala de viagem mais pequena, mochilas e alguma roupa de verão) e um saco com roupa lá debaixo. É perfeito para guardar coisas que não são usadas com regularidade.

4. Não se esqueça de rentabilizar em altura

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Tenho um armário que era uma dor de cabeça: tem cerca de dois metros de altura e só uma prateleira no meio. Ora em baixo fica o cesto da roupa suja e os detergentes, em cima dois cestos com produtos de higiene e produtos de limpeza. O problema é que não estava a aproveitar o espaço todo — estava no que diz respeito à largura, em altura nem pensar.

E pronto, resolvi o problema comprando um gaveteiro parecido com este.

5. Aplique a regra do "um mês ou vais embora"

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Toda a gente diz para esperar seis meses ou um ano. Se não usar determinada peça durante esse período de tempo, é porque está na altura de se desfazer dela. Pois bem, eu digo que quem vive em Lisboa, numa casa onde cada centímetro conta, não se pode dar a esse luxo.

Quando mudei para o meu apartamento, doei sacos e sacos de roupa nas semanas que se seguiram. Porquê? Porque me apercebi que havia imensa coisa que eu só usava uma ou duas vezes por estação, às vezes nem isso. Não dá, adeus.

6. As caixas das garrafas de vinho são ótimas

Dicas para quem vive num T0 (ou num T1 mesmo muito pequenino)

Inútil? Nem por isso. No meu caso, uma caixa de madeira para apenas uma garrafa é a opção perfeita para guardar o secador do cabelo e a placa alisadora dentro do armário da casa de banho. Para duas, é ótimo para guardar cebolas, alhos e batatas.

7. Escadas, escadas, escadas

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Dão imenso jeito para pendurar roupa que não queremos meter já no armário ou secar roupa em dias de desespero — quem tem um pequeno estendal como eu sabe que às vezes é preciso espalhar roupa pela casa.

8. Dobre a roupa em rolinhos

Dicas para quem vive num T0 (ou num T1 mesmo muito pequenino)

Eu não acreditava, mas a Marie Kondo disse, a Marta Kondo anuiu. De facto, poupa imenso espaço.

9. Mais uma dica para poupar espaço em altura

Dicas para quem vive num T0 (ou num T1 mesmo muito pequenino)

Em vez de empilhar a loiça toda uma em cima da outra, como eu fazia no início, não há nada como investir em divisórias.

10. Cabides para as portas

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Os meus melhores amigos. Durante meses andei com o roupão do lado para o outro, sem saber onde o enfiar. Numa gaveta nem pensar; no guarda-roupa era horrível; no cesto debaixo da cama era pouco prático. Bolas, o que é que eu faço a isto? É uma daquelas peças que só uso de vez em quando, é verdade, mas ninguém vive sem roupão quando as temperaturas descem abruptamente.

Solução: cabides para as portas. Também é uma boa opção para pendurar mais roupa, como camisas que ficam facilmente com vincos ou cachecóis.

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