Dezenas de mulheres foram filmadas sem o seu consentimento, com câmaras escondidas, durante o parto ou em cirurgia num hospital na Califórnia, nos EUA. A notícia é avançada esta quarta-feira, 3 de abril, pelo jornal britânico "Independent".

De acordo com a publicação, que se baseia numa ação judicial, os rostos e as áreas genitais das mulheres eram visíveis, dependendo do ângulo em que estavam a ser filmadas. Segundo o documento, cerca de 1.800 pacientes do sexo feminino podem ter sido filmadas a tirar a roupa, a fazer exames e a ir anestesiadas para as operações. O caso aconteceu no Sharp Grossmont Hospital, em La Mesa, na Califórnia. As câmaras filmaram em três salas de parto, durante 11 meses, entre julho de 2012 e junho de 2013.

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Já em 2016 havia sido acionada uma ação judicial coletiva, que se encontrava pendente até à passada sexta-feira, 28 de março, quando o processo foi reaberto por 81 mulheres que apresentaram queixa, alegando violação de privacidade enquanto estavam “emocional e fisicamente expostas e mais vulneráveis".

"É um choque universal para as pacientes e um nojo. Elas não sabem de que modo é que os seus vídeos podem ser usados ​​ou quem é que os pode ter visto porque a Sharp não se certificou de que isso seria resolvido", disse Allison Goddard, advogada das 81 mulheres.

Em comunicado, a Sharp HealthCare — a empresa-mãe do hospital em causa — referiu que as câmaras foram instaladas para detetar movimentos e ajudar na captura dos responsáveis pelo desaparecimento de um poderoso analgésico do carro dos medicamentos.

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“As três câmaras foram instaladas para garantir a segurança do paciente, identificando a pessoa ou pessoas responsáveis ​​pelo desaparecimento dos medicamentos. Embora as câmaras tivessem a intenção de filmar apenas os indivíduos em frente aos carrinhos de anestesia que roubavam os medicamentos, outros, incluindo pacientes e pessoal médico nas salas de cirurgia, eram às vezes visíveis para as câmaras e gravados", diz o documento, citado pelo "Independent". "Lamentamos sinceramente que os nossos esforços para garantir a segurança dos medicamentos possam ter causado algum desconforto para aqueles que servimos."

O processo judicial refere ainda que o hospital foi negligente, uma vez que as filmagens foram guardadas em computadores utilizados por várias pessoas, e muitos deles sem senha de acesso.