Depois de a Apple ter anunciado as novas versões de iPad, iMac e AirPods (agora com carregamento sem fios e maior autonomia) na semana passada, era esperado que o evento desta segunda-feira, 25 de março, fosse dedicado apenas aos serviços da multinacional norte-americana. E como já tem vindo a ser habitual neste tipo de apresentações, o difícil foi tentar surpreender alguém — já que grande parte das novidades tinham sido descobertas e publicadas na internet.

Numa altura em que o modelo de negócio de várias empresas tem passado pela subscrição de serviços — e que a Apple já utiliza com a Apple Music e a possibilidade de estender a capacidade de armazenamento iCloud dos utilizadores —, a tecnológica de Cupertino, na Califórnia, anunciou dois novos modelos de subscrição.

Mostramos-lhe tudo o que foi anunciado no evento especial que teve lugar no anfiteatro Steve Jobs, no Apple Park, em Cupertino.

A nova plataforma de notícias por subscrição

É uma espécie de Netflix, mas com notícias. Chama-se Apple News+, que já antes existia através de uma aplicação com artigos e reportagens curadas pela Apple, e que agora vai mudar o modelo negócio. O objetivo passa por tornar o serviço mais rentável para a tecnológica mas também para os publishers que aceitem os termos da parceria.

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Publicações como o "The New York Times" ou o "The Washington Post" já fizeram saber que estariam de fora, mas o "The Wall Street Journal" ou o "Los Angeles Times", por exemplo, terão chegado a um acordo para que as suas publicações constassem na nova aplicação.

Segundo Tim Cook, com a Apple News+, a empresa quer "fornecer todas as revistas e todos os jornais ao utilizador" — como é o caso das revistas "Time", "People", "Vogue" ou "The New Yorker".

Todas as publicações, sejam elas de lifestyle, viagens ou moda e beleza, são cuidadosamente curadas pelos editores da Apple para oferecer um conteúdo que vá ao encontro dos interesses do utilizador.

O custo mensal do novo serviço será de $9,99 (cerca de 9€) e permitirá aos utilizadores aceder a publicações completas ou artigos premium de vários órgãos de comunicação. Tal como todos os outros serviços da Apple, esta subscrição também poderá ser partilhada caso faça parte dum plano familiar de até seis pessoas.

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Segundo a empresa, todas a sugestões de artigos na aplicação é feita de forma não intrusiva. Isso significa que a Apple não só não sabe os artigos que lê, como não permite que as agências de publicidade lhe mostrem anúncios durante a leitura.

O serviço já pode ser utilizado mas não está disponível em Portugal, tal como aconteceu com a aplicação da Apple News quando foi lançada em 2015. O primeiro mês é gratuito e, por enquanto, só poderá ser ativado nos Estados Unidos e no Canadá.

Na Europa, só o Reino Unido irá receber o serviço mas ainda não há data anunciada.

Agora também vai ter de pagar uma mensalidade para jogar jogos exclusivos

"Competir com os jogos gratuitos é difícil, por isso achamos ter encontrado a solução ideal", ouviu-se em palco. A solução chama-se Apple Arcade e vai existir dentro da App Store. A curadoria, feita pela multinacional norte-americana, pretende mostrar uma listagem de jogos novos que "redefinam o género do videojogo tal como o conhecemos."

Apple Arcade é o primeiro sistema de jogos por subscrição e permite encontrar mais de 100 jogos novos e exclusivos para iPhone, iPad, Mac e Apple TV — que podem ser jogados com ou sem acesso à internet.

O serviço vai estar disponível apenas no outono e desconhece-se, para já, quanto vai custar e em que países vai estar disponível. Tal como todos os outros, também este serviço pode ser partilhado com todos os membros do seu plano familiar.

A nova plataforma de streaming da Apple — que vai concorrer com a Netflix

Numa altura em que o mercado conta já com serviços como Netflix, HBO, Hulu, Amazon Prime e plataforma da Disney que deverá chegar ainda este ano, a Apple não quer ficar de fora e anunciou a sua nova plataforma.

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Chama-se Apple TV Channels e, ao contrário das restantes plataformas, quer centralizar num só serviço todas as outras através do modelo de subscrição.

Isto significa que se aderir ao novo serviço da Apple, vai poder usá-lo para subscrever a todos as outras plataformas e vê-las através de uma só aplicação. O modelo de negócio será semelhante ao da compra de aplicações — em que a Apple ganhará uma percentagem por serviço que seja adquirido através do Apple Video.

Ainda assim, e segundo reporta a revista "Variety", a Netflix e a Hulu já anunciaram não ter interesse numa parceria deste género.

"A Netflix é conhecida por ser muito protetora do seu conteúdo e da experiência que possibilita através das suas aplicações, e nunca licenciou o seu catálogo para que fosse usado por outros serviços. Já a Hulu é uma das concorrentes diretas do novo serviço da Apple que vai vender conteúdo produzido por canais como a Showtime, a HBO ou a Starz", lê-se na mesma publicação.

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A Apple TV Channels vai ser compatível com iPhone, iPad, Apple TV, Mac e Smart TVs Samsung, LG, Sony e Vizio. No entanto, ainda não se sabe quanto o serviço vai custar ou em que países estará disponível.

Ainda assim, a multinacional não se vai limitar a servir de mediadora entre outros serviços e também vai apostar em conteúdo original e exclusivo que poderá ser adquirido numa loja específica.

Para esse efeito, a plataforma anunciou o serviço Apple TV+, onde quer contar "histórias que inspiram e que nos fazem querer inspirar" — contratando figuras como Steven Spielberg ("A Lista de Schindler"), Jennifer Aniston ("Friends"), Reese Witherspoon ("Legalmente Loira"), Steve Carell ("O Escritório") e Jason Momoa ("A Guerra dos Tronos") para séries, filmes e documentários.

O preço e a disponibilidade por vários países também não foi anunciada para o novo serviço.