Todos os dias lemos ou ouvimos histórias de animais que são abandonados. Ou são os donos que vão de férias, ou porque houve uma mudança de casa ou simplesmente porque cresceram, e a família que inicialmente os acolheu, já não quer ter trabalho.

Esta podia ser mais uma dessas histórias, não tivesse tido um volte face e uma divulgação publica nas redes sociais. Na quinta-feira, 21 de março, João Molinar, 30 anos, publicou na página de Instagram dedicada aos seus cães, a história da Puré, uma cadela com cerca de 6 meses, que se tinha juntado à família recentemente, de onde fazem parte já dois cães. Nesta publicação, que já conta com mais de nove mil gostos e dezenas de comentários, João conta toda a história de como, em pouco mais de duas semanas, resgatou um animal vítima de negligência e se viu obrigado a devolvê-lo a um dono que se diz arrependido.

"Vim a saber de uma cadelinha que vivia há 3 meses na Lapa com uma senhora que já não a queria. Segundo ela, estragava tudo em casa e não parava de chorar", escreveu na sua página de Instragram, onde acrescentou que a mulher que tomava conta da Puré raramente a passeava, o que fazia com que o animal fizesse todas as necessidades na cozinha, onde vivia o dia todo.

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"Contactei esta senhora e encontrei-me com ela para tentar perceber a situação. Expliquei-lhe que um cão é um compromisso a longo prazo, e não uma brincadeira, e que se de facto não estava preparada para tal compromisso, eu assumiria e traria o cão para viver connosco, juntamente com os meus dois [cães]", pode ler-se na mesma publicação.

Três dias depois, a 9 de março, João Molinar foi contactado pela dona da cadela, pois "tinha decidido que não a queria". À MAGG, João Molinar garante ter todas as mensagens a indicar a morada onde podia ir buscar o animal, coisa que fez pouco depois de receber o telefonema.

"Dirigi-me a casa dela, onde me deu todos os documentos, brinquedos e ração da Puré", escreveu João Molinar na sua página, que trouxe a cadela para junto da sua família e dos seus outros dois cães. "Durante uma semana e meia, e contrariamente ao que a antiga 'dona' me disse, não tocou sequer nos brinquedos que tinha. Dormiu todas as noites na nossa cama e não estragou uma única coisa em casa, pois ao sair bastante gastava a energia toda".

No tempo que passou com João Molinar e com a sua família, a cadela de 6 meses foi à praia, ao parque e começou a responder aos novos donos. Preocupado com a integração da cadela na nova casa, João Molinar adiou a papelada da mudança do nome do microchip da Puré — e foi justamente aí que começaram os problemas.

"Na quarta-feira, 20 de março, recebo uma mensagem da antiga dona a dizer que tinha mudado de ideias e que a queria ir buscar. Perante esta situação, sem ter tratado rapidamente da mudança de registo de microchip, liguei para a Polícia, que me disse que nestas circunstâncias [com o chip em nome da antiga dona] não há nada a fazer", afirma João Molinar.

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À MAGG, conta que apesar de ter mensagens que comprovam a intenção da dona de entregar a cadela e outras provas, nada pode fazer com esses elementos: "Só me servem se apresentar queixa, e para isso tenho de esperar dois anos ou mais para que tudo se resolva. O que significa que ela estaria longe de nós esse tempo todo".

Para João Molinar e para a sua família, o que é realmente importante é o bem-estar da Puré, preocupação que sabe que não é partilhada pela nova dona. "O que me preocupa neste momento é o facto de um animal tão pequeno e indefeso estar a viver com uma pessoa que o decidiu abandonar. Como vai viver o resto da vida fechada dentro de casa ou acorrentada no quintal?", lamenta João Molinar.

Apesar de não existirem meios legais que possam ajudar João Molinar, foi lançada uma petição pública, que já conta com mais de cinco mil assinaturas, para trazer a Puré de volta. "Não sei se levará a algum lado, mas estamos dispostos a fazer tudo para a ter de volta. Não custa tentar", conta.