Não é a primeira vez que os implantes mamários da fabricante norte-americana Allergan dão que falar pelas piores razões. No ano passado, por exemplo, estes implantes mamários foram retirados do mercado europeu por diversas suspeitas associadas.

Agora, de acordo com o jornal britânico "The Guardian", cerca de 200 mulheres no Reino Unido preparam-se para tomar uma ação legal contra os implantes mamários da Allergan, que estão relacionados com um cancro raro, denomiado linfoma anaplásico de grandes células (LAGC).

As queixosas argumentam que não foram suficientemente esclarecidas e informadas acerca dos riscos inerentes aos implantes texturizados da Allergan, que são dos mais utilizados no Reino Unido. Das 200 mulheres, seis acabaram por desenvolver o linfoma anaplásico de grandes células (LAGC), que começa com os sintomas de dor e inchaço na mama.

Em dezembro de 2018, e oito anos depois de ter colocado os implantes Allergan, Irene Kennedy, de 49 anos, foi diagnosticada com este cancro raro. "Eu não tinha ouvido falar disto, não sabia nada sobre isto [cancro]. É muito assustador. Se alguém te dissesse 'a propósito, tu podes ter um cancro', os teus ouvidos iriam arrepiar-se e seria mais um processo cuidadoso pelo qual terias de passar", afirmou Irene Kennedy, ao "The Guardian".

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Irene Kennedy removeu os implantes e o tecido cicatricial circundante e, como tal, não necessitou de realizar tratamentos de quimioterapia e ficou totalmente recuperada. No entanto, o medo que o cancro regresse mantém-se. Agora, pretende passar uma maior consciência dos riscos associados aos implantes em questão.

No grupo das cerca de 200 mulheres, há quem tenha sofrido outras complicações como contratura capsular, em que o tecido mamário fica endurecido à volta do implante. Há também quem reclame do facto de não ter sido avisado acerca da ligação do implante da Allergan com o LAGC que, segundo o jornal, o regulador britânico do setor já teria alertado os médicos em 2011 e teria impedido que recorressem aos implantes mamários em questão.

"Muitas delas estão extremamente irritadas porque, ao optar por ter um procedimento destinado a melhorar a autoestima e o bem-estar, foram expostas ao risco de desenvolver um tipo de cancro que é potencialmente fatal e totalmente evitável", proferiu Sarah Moore, advogada do grupo queixoso.

Segundo o jornal britânico, dados reunidos por cirurgiões plásticos sugerem que, no âmbito mundial, já se registaram 615 casos da doença associados aos implantes mamários, resultando em 16 mortes.

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Entretanto, a empresa em causa já reagiu em comunicado. “A segurança do paciente e a qualidade do produto são as maiores prioridades da Allergan. A Allergan continua firme no perfil de benefício/risco dos produtos de implante mamário, incluindo implantes mamários texturizados. O perfil de risco de benefício dos implantes texturizados — baseado em evidências científicas — permanece positivo", diz o "The Guardian", citando o documento.

A Agência Reguladora de Medicamentos e Produtos de Saúde, sediada no Reino Unido, informou que as mulheres com implantes mamários Allergan não têm necessidade de os remover ou de ter "acompanhamento clínico adicional".