Cada vida tem a sua banda sonora. Repare: de certeza que há uma música que ouve mais quando está triste, outra que lhe lembra um relacionamento antigo e ainda outra que gosta de ouvir enquanto cozinha, enquanto se prepara, assim que acorda.

A música conta, consciente ou inconscientemente, um pouco da história de cada pessoa. Mas há mais funções além desta, cientificamente comprovadas: a música tem um efeito positivo na nossa produtividade, desde que a saiba escolher. Porque é que funcionamos assim? Tem a ver com várias coisas: desde o humor, paciência e concentração. Vamos desmontar oito motivos, estudados pela ciência.

A música deixa-nos mais bem dispostos

Melhora o humor e estar de bom humor significa ser mais produtivo. Aquilo que acontece é que, ao ouvir música, o cérebro liberta dopamina, um neurotransmissor  responsável por nos fazer sentir bem, reduzindo stresse e ansiedade. Uma meta-análise analisou 400 estudos publicados na revista cientifica "Trends in Cognitive Sciences" de modo a perceber como é que isto afetava os pacientes que iam ser submetidos a uma cirurgia. Eles tinham duas opções: ouvir música ou tomar os medicamentos para acalmar a ansiedade. Depois, os investigadores quiseram perceber que alterações se deram nos níveis do cortisol, a hormona libertada quando há stresse e adrenalina.

Conclusão: os pacientes que ouviram música sentiram menos ansiedade e mostraram ter níveis menores de cortisol do que os pacientes que tomaram a medicação.

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Melhora a performance física

Quem treina — principalmente sozinho — conhece bem o poder da música. Ouvir os nossos temas preferidos funciona como uma espécie de companhia, motivação extra, que dá ritmo e acalma o aborrecimento. Um estudo dirigido por Costas Karageorghis, um psicólogo desportivo, mostrou que a música melhor a performance física, ao aumentar a capacidade de resistência, retardando o cansaço.

Torna mais suportável desempenhar tarefas repetitivas

A música retira a monotonia de tarefas automáticas e, além disso, torna-nos mais eficazes na sua execução. Esta não é uma vantagem recém-descoberta. Um estudo de 1994 concluiu que a música melhora a capacidade de cirurgiões que cumprem tarefas laboratoriais repetitivas, fora da sala de operações.

Aumenta a concentração

Estudos também já concluíram que as partes do cérebro relacionadas com as emoções e  concentração ficam mais ativas quando ouvimos música, sobretudo aquelas que conhecemos — as que não conhecemos podem ter o efeito inverso.

Ouvir música entre tarefas pode aumentar produtividade

É bom ouvir música enquanto trabalhamos, mas também é ótimo nos intervalos. Um estudo publicado na revista Psychology of Music, realizado com estudantes universitários, mostrou que aqueles que ouviam música entre tarefas conseguiam concentrar-se durante períodos de tempo mais longos.

Mas a música não produz toda o mesmo efeito

Músicas com letra reduzem a performance mental, ao contrário das que são apenas instrumentais. Por isso, é importante ter em conta algumas regras, como a extensão da letra do tema ou familiaridade que já existe (quanto mais familiar, melhor para a produtividade e concentração).

Além disso, é preciso considerar ainda o tipo de atividade que se vai fazer, porque a música varia consoante se é, por exemplo, física ou mental. Os temas que escuta para correr ou para trabalhar devem ser diferentes. Rock, pop ou eletro funcionarão melhor no primeiro caso. Já no segundo, música clássica, jazz ou soul serão mais indicados.

Ou seja: Rihanna para correr, Miles Davis para trabalhar.