Existem pequenos gestos que fazemos todos os dias que podem pôr a nossa vida em risco sem nos apercebermos. O uso de cotonetes é um deles. Oo "Daily Mail" deu a conhecer a história de um homem de 31 anos que acabou nas urgências de um hospital depois de ter desmaiado. A culpa foi de uma infeção provocada pelo uso continuado de cotonete.

O homem não identificado, a viver em Coventry, no Reino Unido, tinha sintomas como dores de cabeça, dores no ouvido e dificuldade em lembrar-se dos nomes das pessoas dias antes do seu internamento. A dor no ouvido esquerdo era um sintoma que teria há já cinco anos, mas que nunca tinha tratado. Os médicos descobriram uma infeção grave no crânio, com fragmentos de algodão no final do canal do ouvido. Esta infeção terá acontecido devido ao uso continuado de cotonetes.

Os exames feitos que determinaram a infeção no crânio

A história parece pouco credível, talvez até um pouco exagerada. No entanto, explica à MAGG o otorrino Leonel Luís, diretor do serviço de otorrinolaringologia do Hospital de Santa Maria e médico na Lusíadas Amadora - clínica de de Santo António, estas são situações que podem mesmo acontecer. “Acontecem em estados muitos avançados, mas a verdade é que as infeções nos ouvidos continuam a poder ser extraordinariamente graves”.

O que acontece é que, com a utilização do cotonete, a pele do ouvido fica encravada por acumulação de cerúmen (cera do ouvido) ou porque foi lá deixado um pouco de algodão. Como a pele não consegue sair, há uma alteração inflamatória que leva à formação de um colesteatoma – um crescimento anormal de pele dentro do canal auditivo.

O médico explica à MAGG que, provavelmente, foi isto que aconteceu com o homem inglês, e que o colesteatoma “vai destruindo as estruturas à volta e pode ter consequências como grandes infeções como meningites ou tromboses” que podem mesmo levar à morte. Não é algo frequente, mas pode acontecer.

Há mais três riscos associados ao uso de cotonetes. É possível danificarmos as estruturas internas, como a membrana do tímpano — pode acontecer por distração, quando introduzimos demasiado o cotonete, ou quando alguém nos bate na mão, por exemplo, e como resultado temos um tímpano perfurado.

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Outra situação que pode acontecer, e que é mais comum nas épocas mais quentes, são as otites associadas à água da piscina. Leonel Luís explica que na primavera e verão molhamos os ouvidos mais vezes e a pele acaba por ficar fragilizada. O aumento das temperaturas potencia o crescimento de bactérias nessa zona.

“Ao tentar limpar o ouvido, podemos danificar a pele envolvente o que permite, mais uma vez, a entrada de bactérias que podem causar as tais otites que se dizem ser da água da piscina”. O médico confirma que nada tem a ver com a própria da água, mas sim com o facto de manipular e danificar a pele envolvente.

O último perigo de usar um cotonete é o facto de impedir a saída da cera para fora do ouvido, uma vez que a vamos introduzindo cada vez mais para dentro. Assim acabamos com um “ouvido obstruído por manipularmos a parte de dentro”. Eventualmente, o ouvido acabará por tapar.

O médico otorrino reitera: “Retirar a cera significa retirar a barreira protetora (devemos limpar somente os ouvidos por fora), o que pode originar nomeadamente o desenvolvimento fungos”. Portanto, o melhor mesmo é deixar a cera em paz — até pode considerá-la repugnante, mas a verdade é que é essencial para o bom funcionamento do corpo.

*texto publicado em 2019 e atualizado em 2023

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