Helena Vieira, 37 anos, e Pedro Ferreira, 37 anos. Pode decorar estes nomes. São os arquitetos portugueses a marcar presença na lista dos 25 jovens arquitetos a nível mundial para seguir em 2019. A Architizer, que divulgou esta lista, está sediada em Nova Iorque e é a maior comunidade online de arquitetos do mundo.

Mas vamos recuar um pouco. "Acho que no nosso caso, o interesse pela área foi algo que surgiu logo enquanto adolescentes, apesar de não termos mais arquitetos na família", começa por contar Helena Vieira à MAGG. "Já nos tempos do liceu fazia alguns desenhos e interessava-me pela arquitetura", acrescenta Pedro Ferreira.

Helena Vieira e Pedro Ferreira, ambos residentes em Loures, têm o atelier "Plano Humano Arquitetos", com sede em Lisboa. "A empresa surgiu em 2006 da vontade de trabalharmos juntos e de fazermos arquitetura. Trabalhávamos em alguns gabinetes e nos momentos de crise começou a haver menos trabalho. Começámos a fazer alguma pesquisa e acabámos por abrir um atelier", diz Pedro Ferreira.

Helena Vieira e Pedro Ferreira, de 37 anos, têm o atelier 'Plano Humano Arquitectos'

Os dois olham para o prémio que acabaram de ganhar como uma forma de valorização de uma carreira de 13 anos. "É o reconhecimento de mais de dez anos de trabalho, mas claro que para nós e para a equipa que trabalha connosco é um orgulho e uma motivação porque também são estas pequenas coisas que nos incentivam a continuar", refere.

Para Helena Vieira, "é uma sensação espetacular", mas ao mesmo tempo é "uma grande responsabilidade para mostrar a qualidade que nós tentamos demonstrar que temos." A notícia chegou por email, através de um comunicado da Architizer. "Um arquiteto é considerado jovem até aos 40 anos, por isso, ainda temos mais três anos para renovarmos o estatuto", brinca Pedro Ferreira.

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No entanto, esta dupla de arquitetos é da opinião que ainda há muito a fazer quanto à profissão em Portugal. "É um desafio", afirma Helena. Se por um lado, há o lado positivo de sentir a confiança por parte de quem os procura para realizar projetos — que muitas vezes são "sonhos de uma vida" — , por outro, e em relação à "conotação social" da profissão, "ainda falta consciência sobre o nosso verdadeiro papel e da necessidade que é ter um arquiteto a participar nos projetos."

Pedro Ferreira, concorda que há "obviamente coisas muito boas", pois caso contrário não teria escolhido seguir a profissão. No entanto, "também há o reverso da medalha." A questão dos honorários ou as dificuldades nos processos de licenciamento — em que cada município é "um pequeno condado" que possui diferentes interpretações sobre a mesma lei —, são algumas das contrariedades que encontram com frequência.

Na lista dos 25 jovens arquitetos mundiais para seguir em 2019 da Architizer, é dado um especial destaque à Capela de Nossa Senhora de Fátima, situada em Idanha-a-Nova, e vencedora de vários prémios internacionais.

A Capela de Nossa Senhora de Fátima, em Idanha-a-Nova, foi inaugurada no verão de 2017

"O desafio foi-nos lançado em janeiro de 2017 e a ideia era construirmos uma capela no campo nacional de atividades de escutistas por ocasião do XXIII Acampamento Nacional de Escuteiros Católicos Portugueses", recorda Helena Vieira. O que pensavam tratar-se de um projeto "efémero", que facilmente se desmontava no final do acampamento, acabou por ser, na verdade, algo de definitivo. Executado num curto espaço de tempo e com "alguma contingência orçamental", a capela foi inaugurada em julho desse mesmo ano. "Uma vez que era um edifício religioso, para nós, foi um desafio muito grande e mais interessante", completa Pedro Ferreira.

Além da Capela da Nossa Senhora de Fátima, são várias as obras que marcam esta dupla de arquitetos: a casa Cubo, que foi a primeira moradia que projetaram; o Centro Pastoral de Moscavide; a Casa Polivalente também em Idanha-a-Nova; e o Lisbon Wood, um projeto que está a ser concluído e que será divulgado no final do mês de abril. Veja a galeria.

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