A vida não está fácil para a família de Michael Jackson. Depois da estreia de "Leaving Neverland", o documentário polémico da HBO que aborda as acusações de abuso sexual de que o cantor era alvo desde 1993, várias rádios já censuraram a sua música e a opinião pública divide-se. É que apesar do rancho privado e luxuoso do músico parecer inocente, consta agora que guardava uma realidade bem mais negra — a julgar pelas declarações de dois homens que dizem ter sido abusados vezes sem conta pelo cantor.

As provas parecem não deixar margem para dúvidas: Neverland assemelhava-se à Terra do Nunca, das histórias do Peter Pan, mas na verdade estava repleto de camas escondidas, vidros espelhados e várias armadilhas estrategicamente colocadas para que Michael Jackson pudesse ouvir sempre que alguém se aproximava dos seus aposentos. O objetivo? Permitir-lhe nunca ser apanhado em flagrante com nenhuma criança. E agora há mais uma prova.

A informação foi avançada esta sexta-feira, 8 de março, pelo tabloide britânico "Daily Mail", que diz ter tido acesso em exclusivo aos contratos e aos termos de confidencialidade a que toda a equipa de Michael Jackson esteve sujeita entre 1988 e 2003.

Entre as várias adendas do documento, que eram válidas tanto para simples funcionários do rancho como para a equipa de segurança ou de gestão de carreira do rei da pop, proibia-se explicitamente a denúncia às autoridades de qualquer crime sob pena de ver o contrato rescindido de imediato e ser colocado um processo em tribunal.

As denúncias, a existirem, deveriam ser remetidas sempre à equipa de comunicação de Jackson que, depois, comunicaria aos seus advogados — que tratariam de barrar a queixa e impedir que chegasse a público.

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"Não deverá, durante ou depois de trabalhar connosco, fotografar, gravar ou registar qualquer tipo de atividades do Michael Jackson. Sejam elas concertos, ou de outro tipo no rancho Neverland. Além disso, concorda também em nunca fazer comentários ou agir de forma a denegrir a sua imagem ou danificar a sua autoestima", lê-se numa das folhas.

Os documentos surgem depois dos testemunhos de Wade Robson e James Safechuck, duas das alegadas vítimas, que reconstituíram os episódios em que foram abusados sexualmente e obrigados a ficar calados e a mentir em tribunal.

Num dos momentos, uma das vítimas diz ter sido obrigado a mandar para o lixo umas cuecas suas que continham vestígios de sangue — depois de o músico ter tentando penetrar a criança, de apenas 7 anos na altura.

Irmã de Michael Jackson acusou o cantor de pedofilia em 1993
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Em tribunal, Michael Jackson sempre se defendeu das acusações dizendo que era nas crianças que via a melhor maneira de recuperar a infância que nunca teve e que dormir com elas era "uma parte natural da sua vida".

As duas partes, de duas horas cada, do documentário polémico realizado por Dan Reed já estão disponíveis para streaming na HBO Portugal.