O caso remonta a 2017, mas foi divulgado agora pela CNN, com base num artigo científico publicado pelo Journal of The American Association (JAMA). No Arizona, nos Estados Unidos, foram encontrados vestígios de compostos radioativos um mês depois de ter sido cremado um homem que morreu vítima de cancro.

Na altura com 69 anos, o doente vítima de um cancro no pâncreas tinha realizado um tratamento com substâncias radioativas e foi incinerado num crematório local. Após a denúncia de um funcionário do hospital onde o paciente morreu, um mês depois da cremação foi deslocada uma equipa ao local. Além de terem recolhido várias amostras das instalações, foi feita ainda a colheita de urina de um dos trabalhadores.

De acordo com a publicação, os resultados não podiam ter sido mais alarmantes. Um mês após a morte do doente, ainda foi possível encontrar vestígios de substâncias radioativas em todas as amostras recolhidas, incluindo na urina do funcionário. No entanto, os próprios autores do artigo científico reconhecem que as substâncias encontradas poderiam não ser só deste paciente, mas também de outros doentes oncológicos que pudessem ter sido ali cremados.

Estes resultados vêm chamar à atenção para a necessidade de haver um maior cuidado com os restos mortais de um doente oncológico que morre durante um ciclo de tratamentos. A radioterapia é cada vez mais utilizada em diferentes procedimentos, devido à sua eficácia na identificação e tratamento de patologias oncológicas.

Uma vez que a incineração dos corpos dos pacientes oncológicos vaporiza os compostos radioativos presentes nos pacientes, estes resíduos podem tornar-se um perigo para os trabalhadores dos crematórios e para as populações residentes em volta dos mesmos, pois pode expor um grande número de pessoas a substâncias perigosas.

Esta menina tinha dificuldade em sorrir. Afinal era um tumor raro
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Mas este caso não é único no mundo. De acordo com o jornal "Diário de Notícias", houve um caso com contornos semelhantes em Portugal. Em setembro de 2010, o crematório do cemitério do Alto de S. João e quatro funcionários foram alvo de testes pelo Instituto Tecnológico e Nuclear por causa de uma cremação realizada dias antes.

Em causa estava um doente oncológico que tinha feito uma braquiterapia — tratamento que consiste em inserir cápsulas de iodo 125 numa determinada região do corpo que tenha um tumor — dois meses antes. Devido à temperatura elevada do forno, temia-se que algumas cápsulas usadas no tratamento tivessem ficado danificadas, libertando radiação para atmosfera.

Embora o protocolo instaurado na altura recomendasse que todos os doentes submetidos a este tratamento não fossem cremados nos 36 meses seguintes, como este paciente morreu fora do hospital e por causas não relacionadas com a doença, o protocolo acabou por não ser seguido.

Felizmente, os resultados acabaram por revelar níveis de radioatividade inofensivos. "Analisámos as cinzas e, de facto, foi detectada radioactividade, embora dentro de limites que não põem em risco a saúde humana. Por isso foram colocadas numa caixa de chumbo selada, no jazigo. O crematório, pelo contrário, não revelou qualquer tipo de contaminação. Nem as pessoas que foram submetidas a exames: a viúva e os trabalhadores que estavam de turno", explicou à mesma publicação Graça Freitas, à época subdiretora-geral da Saúde.

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