Quando o filme interativo "Black Mirror: Bandersnatch" foi lançado no final de 2018, gerou bastante curiosidade pois permitia ao espetador "controlar" o curso da história. No entanto, vários utilizadores da rede social Twitter questionaram as verdadeiras intenções da Netflix ao incluir conteúdos interativos no seu catálogo.

Partido do pressuposto de que a Netflix pudesse estar a obter dados através dessa experiência interativa, o investigador de políticas tecnológicas Michael Veale, da University College London, pediu à plataforma o acesso aos dados recolhidos na sua conta durante a visualização do filme. "Pensei que seria divertido demonstrar como usar a lei da proteção dados para responder a questões reais que as pessoas possam ter", disse Veale em entrevista ao site "Motherboard".

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Utilizando o regulamento geral da proteção de dados como base legal, Veale requisitou à Netflix os dados recolhidos na sua conta de utilizador durante a visualização de "Black Mirror: Bandersnatch". Após enviar uma cópia do seu passaporte como documento de identificação, o investigador recebeu um ficheiro em formato PDF com toda a informação recolhida sobre "Bandersnatch", incluindo as escolhas feitas pelo utilizador ao longo do filme  e partilhou os resultados na sua conta do Twitter.

Era já conhecido que a Netflix recolhe e armazena dados referentes ao comportamento dos seus utilizadores dentro da plataforma. No entanto,o investigador Michael Veale alertou ainda para o facto de a Netflix não ter divulgado por quanto tempo tenciona manter os dados nem como planeia destrui-los após não serem mais necessários.