Natal significa saudades, memórias e lugares na mesa que já não se ocupam. E eu, em todas as conversas de café que tive, acabei com a ideia de que “isto já não é o que era”.

Tenho tantas saudades de um tempo que já não volta. Sinto falta de abraços que já não mais terei e de sorrisos que não mais vislumbrarei. O Natal é, agora, uma e outra cadeira desocupada. A família dispersa e o álbum de fotografias impressas à mão de semear.

São chamadas corridas e a televisão a tocar como barulho de fundo. É uma árvore de Natal feita a correr na quinta-feira de noite, depois do dia de trabalho e é a alegria de ver a minha sobrinha a crescer tão bem, tão feliz e tão pura sem de nada da vida saber.

É verdade que o facto de já não vivermos em época de vacas gordas deva ajudar a que isto tenha reduzido a fasquia, ainda assim, a vida é tão mais do que dinheiro, mais do que o objeto, mais do que o parecer. O brilhante do dia eram as pessoas que o faziam. A avó que cozinhava o bacalhau, a prima que trazia as rabanadas e o pai que toda a vida encomendou bolo rei, mesmo sabendo que ninguém o come.

E os sonhos, onde é que ficaram? Os sonhos sempre foram levados pelos mais novos: pelo meu irmão que representava, pela minha prima que achava que era a Shania Twain, pelo primo Zé que dizia que ia ser o maior Surfista do mundo, ou por mim que me armava em Oprah Winfrey. Naquele salão cada um de nós era o que queria, porque podíamos. Porque era essa a magia daquele dia. Porque nos deixavam fazer acontecer e ainda nos alimentavam a esperança de que um dia tudo poderia ser real.

Esta altura deixou de brilhar porque deixámos que ele se perdesse em troca de gestos, oferendas e bombons mal embrulhados. E é tão mais do que isso. É tão mais do que receber. Viver é tão mais do que isso.

Já viram? Tudo se perderá se deixarmos que a cortina da vida se feche. Há que partilhar ensinamentos, gargalhadas, saberes e histórias. É tão gratificante ouvir os outros, beber-lhes o saber. Foi tão bom crescer a fazer de conta que acreditava que o meu pai era o Pai Natal e vinha da chaminé da casa grande, mesmo que soubesse perfeitamente que ele nunca me deixaria sozinha se um desconhecido com barbas grandes se aproximasse de mim.

Por vezes é tão bom viver em ilusões disfarçadas com máscaras e purpurinas.

Era tão bom viver tudo de novo, mesmo que por um momento, ou não?

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