O antigo vice Presidente dos Estados Unidos, Al Gore será anfitrião de uma emissão de 24 horas sobre as alterações climáticas. "24 Hours of Reality: Protect Our Planet, Protect Ourselves" é o nome do programa que será transmitido de Los Angeles para o mundo, entre o dia 3 e o 4 de dezembro, e que abordará a questão de "como os combustíveis fósseis e as alterações climáticas estão a criar riscos de saúde que ameaçam as famílias e comunidades um pouco por toda a parte". Este evento contará com várias figuras conhecidas, ligadas à música, cinema e entretenimento e conta com  o apoio de vários órgãos mediáticos internacionais, incluindo a portuguesa RTP.

As alterações climáticas afetam a saúde pública de muitas e diversas formas, produzindo impactos diretos e indiretos, bem como impactos imediatos ou a longo prazo, dizem os especialistas. Segundo as estimativas da Agência Europeia do Ambiente (AEA), o aquecimento global causou, em catástrofes naturais e doenças, 150.000 vítimas mortais em todo o mundo” só em 2000 e “e um novo estudo da OMS prevê que, até 2040, essas mortes aumentem para 250.000 por ano, a nível mundial.”

No entanto, Luís Tavares, médico especialista em Infeciologia no Hospital Lusíadas, em Lisboa, explicou à MAGG que não existe um “crescimento real das doenças infeciosas causadas pelas alterações climáticas”, mas que poderá sim haver um estabelecimento de condições ambientais que a prazo levem a essas doenças.

“Nós, humanos vivemos influenciados pelo que nos rodeia, ou seja o meio ambiente em si e a biosfera”, por isso questões como o aumento de população, o aumento de vetores de transmissão de doenças (como mosquitos) ou o aumento da temperatura ou da humidade são essenciais para explicar o crescimento de certo tipo de doenças.

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Segundo Luís Tavares, existem, neste caso, dois grandes tipos de doenças infeciosas com duas origens distintas: as doenças transmitidas por vetores (geralmente mosquitos) e as doenças transmitidas através de água contaminada.

  • "Nas doenças transmitidas por vetores encontramos doenças como a malária, dengue ou febre-amarela. O aumento da temperatura e a alteração da humidade são fatores essenciais do aquecimento global que têm impacto direto nestas espécies e na forma como estas propagam enfermidades", afirma o médico. “As temperaturas mais altas, os invernos mais suaves e os verões mais húmidos estão a expandir a área onde certos insetos transmissores de doenças (como as carraças e os mosquitos) conseguem sobreviver e propagar-se. Estes insetos depois transportam doenças para novas zonas, onde antes o clima não lhes era propício”, avisa a AEA.
  • Nas doenças transmitidas pela água encontramos patologias como a cólera ou a febre tifoide, continua Luís Tavares. A falta de tratamento das águas ou a poluição delas são a fonte deste tipo de doenças, propagadas sobretudo em fenómenos naturais extremos como secas e, sobretudo, cheias. A AEA afirma que “as águas das cheias podem transportar substâncias químicas e poluentes provenientes de instalações industriais, das águas residuais e dos esgotos, e contaminar as fontes de água potável e os terrenos agrícolas.”

A AEA adverte para outros efeitos do Aquecimento Global, para além das doenças infeciosas: “As variações sazonais, com algumas estações a começarem mais cedo e a durarem mais, também podem ser nocivas para a saúde humana, sobretudo para as pessoas que sofrem de alergias.” Ou seja, pode significar picos de alergias e mais casos de asma.