É um estranho fenómeno aquele que acontece assim que um avião atinge a velocidade de cruzeiro e o alarme dos cintos se desliga. Apesar de terem passado apenas cinco ou dez minutos desde que o avião descolou, há sempre um pequeno grupo de pessoas que se levanta apressado para correr para a casa de banho. Só o fator de urgência consegue explicar isto — ninguém pode ter particular vontade de usar os sanitários dos aviões.

Quem já esteve dentro de uma destes WC sabe porquê: são pequenos, desconfortáveis e claustrofóbicos. Infelizmente, está a ficar pior. Os novos aviões da American, Delta e United Airlines passaram a ter casas de banho em classe económica com apenas 61 centímetros de largura. São cerca de 25 centímetros a menos do que a média mundial.

Ora vejamos: 61 centímetros é o tamanho médio de uma máquina de lavar loiça. De acordo com a fabricante, a Advanced Spacewell, os 25 centímetros a menos são suficientes para colocar mais seis lugares dentro do avião.

O blogger Zach Honig foi fotografado na frente da casa de banho da United Airlines.

Segundo o "The Washington Post", a consultora Tronos Aviation Consulting estimou que a American Airlines iria ganhar cerca de 614 mil euros ao ano por cada lugar a mais. Portanto, para as companhias aéreas é um investimento que vale a pena.

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O problema é que talvez as casas de banho comecem a ficar pequenas demais. Só nos Estados Unidos — e damos este exemplo porque as companhias aéreas em questão são norte-americanas — um homem pesa em média 89 quilos. Perto de 79 milhões são obesos, o que equivale a 35% da população. E não vai melhorar: as previsões para 2020 é que esta percentagem chegue aos 50%.

A julgar pelos tweets que encheram as redes sociais, porém, não é necessário ser-se obeso para sentir a claustrofobia da casa de banho.

Não existe nenhum regulamento definido para o tamanho das casas de banho. Portanto, a decisão cabe única e exclusivamente às companhias aéreas. Porém, o inspetor geral do Departamento de Transportes norte-americano marcou uma audiência para analisar se as mudanças no design dos lugares pode ter algum impacto nos procedimentos de evacuação.

Talvez assim se dê uma mudança. Na opinião da consultora Tronos Aviation Consulting, não serão certamente as queixas dos viajantes que farão com que as companhias aéreas parem de introduzir mais lugares. Os lucros são demasiado elevados para isso. A grande maioria das pessoas viaja com pouca frequência, portanto podem nem sequer aperceber-se que as casas de banho diminuíram. Se se aperceberem, podem simplesmente não querer saber.