Há mais uma janela permanentemente aberta na zona do Príncipe Real. No interior, há barmans a agitarem cocktails e a servirem quem está dentro ou fora. Com um bocadinho mais de esforço, ainda se veem os cozinheiros a prepararem tacos, burritos ou guacamole. A entrada é azul elétrica e não passa despercebida. Por cima da porta, lê-se em letras bem grandes: Coyo Taco.

É o novo restaurante do Príncipe Real e o mais recente mexicano de Lisboa. Chega à cidade pela mão da Multifoods, o mesmo grupo que detém o Pesca, o Alma, Zero Zero ou a cadeia Vitaminas, num total de 21 marcas e 144 espaços gastronómicos espalhados por Portugal. Rui Sanches, dono deste império, senta-se com a MAGG numa mesa da nova taqueria e conta-nos a história da parceria entre o grupo português e os fundadores americanos do Coyo (nasceu em Miami, mas também já existe no Panamá ou Republica Dominicana) Sven Vogtland, Alan Drummond e Scott Linquist.

Não foi nada combinado. Tudo aconteceu por coincidência, quando Rui Sanches se encontrava a viajar nos Estados Unidos. Esbarrou com os donos da taqueria americana, antes de saber quem eram e que negócio geriam.

“Conheci-os antes de conhecer a marca”, conta. Contactos trocados, mais tarde foi a vez dos amigos — ambos formados em hotelaria e com vasta experiência no grupo Ritz 4 Seasons — viajarem até Portugal. Passadas poucas semanas, ficou decidido: o restaurante mexicano, o mesmo que foi elogiado por Barack Obama no início de novembro, chegaria mesmo a Lisboa, numa parceria com a Multifoods.

Por esta altura já os tabuleiros de metal — que neste espaço substituem os pratos tradicionais — estavam manchados pelo recheio dos tacos de carnitas de pato (9,5€), al pastor (7,5€) ou hongos (7,5€), um fungo que nasce da maçaroca do milho, uma espécie de cogumelo. Chegam sempre dois de cada vez e na carta estão disponíveis nove opções. São todos artesanais, feitos de raiz, tanto que a massa que envolve este petisco mexicano é feito no Coyo e é possível vê-los a serem tratados atrás do balcão.

A carta é idêntica à dos outros restaurantes Coyo. Rui Sanches adianta que todos os produtos utilizados são mexicanos (incluindo a farinha de trigo usada para fazer as tortillas), exceto as proteínas — as carnes, o peixe, o marisco —, que são locais, ou seja, portuguesas.

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As tortillas (incluindo a de tempura, 16€) e quesadillas também não ficaram fora da carta. Os burritos (provámos a de camarão, 16€) também estão em força, tanto na sua versão original, como numa versão mais americana, em que são desconstruidos e servidos numa taça, mas sem o wrap. "É uma tendência gigante nos Estados Unidos", diz o chef Scott Linquist, que já se encontra na mesa connosco, no lugar da cabeceira. É ele o mentor da carta do Coyo, que viajou de propósito dos Estados Unidos até Portugal para acompanhar a abertura do espaço em Lisboa — cuja cozinha ficará a cargo do chef Ricardo Bolas. É o fundador dos restaurantes de comida mexicana Dos Caminos, nos Estados Unidos, que acabou por deixar porque precisava de fazer uma pausa.

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“Quando me fui embora já havia sete restaurantes, sempre lotados”, conta. Estava cansado, precisava de descansar. “Fui viver para a Califórnia. Fui viver para a praia e surfar.” É por esta altura que recebe a proposta de Sven e Alan, depois de já ter lançado o livro de comida mexicana “Mod Mex.”

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Quando foi para a Escola de Hotelaria de Nova Iorque não imaginava que o seu percurso iria concentrar-se neste tipo de gastronomia, apesar de ter crescido muito próximo dos sabores do México. “Cresci na Califórnia, que não fica longe da fronteira e, quando era novo, viajava muito até lá para ir surfar — mas mais no Norte, onde há mais americanos do que mexicanos, propriamente.”

Com comida pensada para reconfortar, picar e partilhar, o Coyo tem 24 lugares sentados, deliciosos churros com para a sobremesa (3€) e uma carta de bebidas muito mexicana, desenvolvida por Fernão Gonçalves, chef de bar do restaurante Pesca e, antes, do Rio Maravilha. Todos os copos servem líquidos originais deste pais, desde as cervejas, às tequilas, mezcal, cervejas e até Jarritos, um refrigerante tradicional mexicano.