Com apenas 12 dias, uma bebé norte-americana perdeu a vida depois de contrair o vírus da herpes. A história que está a emocionar as redes sociais foi partilhada no Facebook pela mãe da bebé, Presley Trejo, natural do estado do Texas, Estados Unidos, que tornou público este trágico desfecho com um sentido apelo.

"Parem de beijar bebés que não são vossos", escreveu na rede social a mãe de Emerson Faye, a recém-nascida que não suportou a infeção transmitida por um beijo de alguém infetado com herpes. "A minha filha acabou por morrer. Para os adultos, ser infetado com herpes não é um problema grave mas para os recém-nascidos, sem o sistema imunitário desenvolvido, pode ser fatal", continuou Presley, que descreveu ainda a forma como a filha adoeceu.

"Quando o vírus penetra no organismo dos bebés, transmite-se rapidamente e ataca o cérebro. Os rins falharam, a minha bebé teve várias convulsões até entrar em morte cerebral", contou a mãe, que acabou por tomar a decisão de desligar as máquinas de suporte de vida de Emerson Faye. "Uma mãe nunca deveria ter de enterrar um filho. O vírus matou-a apenas com 12 dias e eu assisti à morte lenta da minha filha", escreveu a norte-americana na mesma publicação, em que acrescentou que é preciso passar a mensagem de que beijar bebés tão pequenos ou estar em contacto com os mesmos sem as devidas precauções, como lavar as mãos, é um perigo real.

Hugo Rodrigues, médico pediatra, confirma que estes casos são raros, mas existem — e são um perigo potencial pela gravidade das possíveis consequências. Tal como explica à MAGG, "o herpes transmite-se através do contacto direto com as lesões na pele e os recém-nascidos são uma população particularmente suscetível, dado que o sistema imunitário deles ainda não está completamente desenvolvido nos primeiros meses de vida".

A infeção por herpes é um perigo para o cérebro

O grave problema da transmissão do vírus da herpes a um bebé são as encefalites, uma situação drástica que pode conduzir à morte das crianças ou deixar sequelas graves. "O herpes não se localiza apenas na pele, pode atingir o cérebro. Este é, aliás, o grande problema do herpes, não são as lesões", salienta Hugo Rodrigues, que explica que o vírus pode entrar e afetar o organismo dos bebés, "atingir o cérebro e causar uma encefalite, uma lesão direta do cérebro, com destruição de algumas zonas cerebrais".

Apesar de não ser comum, esta é a situação mais drástica deste contágio e tem de ser tratada agressivamente, explica o pediatra. Para além das encefalites, a transmissão da herpes a um bebé nos primeiros meses de vida (o primeiro mês é o mais crucial, mas o período crítico do sistema imunitário das crianças mantém-se até aos três meses) pode conduzir a "lesões na pele e nos olhos e levar a situações de cegueira". Hugo Rodrigues também reforça que a partir do momento em que um bebé é infetado, é provável que o vírus seja constantemente reativado.

"Depois de infetar pela primeira vez, o vírus, geralmente, fica alojado nas glândulas do nosso sistema nervoso, daí a razão pela qual as pessoas que têm herpes uma vez, a voltam a ter. O vírus fica nas células, e volta e meia reativa", esclarece o especialista, salientando que é importante deixar bem claro que "a herpes é contagiosa até todas as lesões estarem em crosta, basta ter uma lesão que ainda não está completamente seca para existir o risco de transmissão".

Embora o pediatra considere que os cuidados com a herpes devem ser transversais a qualquer idade, reforça que este vírus não deve ser a única preocupação em relação aos bebés mais pequenos. "A grande questão é que como o sistema imunitário dos recém-nascidos não está completamente desenvolvido, mesmo uma infeção banal pode rapidamente transformar-se numa infeção mais grave. Não é para lançar o pânico ou para criar medo, mas é necessário que as pessoas estejam um bocadinho mais alertas nesses três primeiros meses", explica Hugo Rodrigues, que recorda que todos nós somos portadores de micro-organismos no nariz e na boca — "De qualquer das formas, se não tivermos qualquer sintoma, estamos mais seguros em termos de contágio".

Há outras formas de manifestar afecto sem ser com beijos

Apesar de não ser a favor de limitar completamente o contacto com os recém-nascidos, Hugo Rodrigues apela ao bom senso. "Beijos na cara e perto das vias respiratórias são sempre mais complicados, porque nós temos microorganismos que habitam em nós, bactérias que rapidamente passam para as crianças", afirma o pediatra, que recorda que os beijos não são a única forma de manifestar carinho por um bebé.

"As pessoas mais velhas, principalmente, têm alguma dificuldade em aceitar isto, mas a questão é que não é preciso dar beijos aos bebés, pode-se tocar ou pegar ao colo, não é necessária aquela proximidade do beijo logo nos primeiros tempos. Pode ser uma demonstração de afeto, mas o bebé não entende isso dessa forma. Se as pessoas pegarem no bebé ao colo já estão a satisfazer as necessidades de contacto", esclarece o especialista, adiantando que esta proximidade deve ser reservada para familiares e amigos pertencentes ao círculo íntimo da criança. "Quando falamos de desconhecidos em espaços públicos, por exemplo, aí é completamente evitável."

O pediatra também reforça que este contacto deve ser limitado a pessoas saudáveis, "sem qualquer doença crónica ou aguda que signifique perigo de contágio". No entanto, em relação ainda ao caso específico da herpes, salienta que na maior parte das vezes, "o vírus não provoca doença, os pais têm é de estar atentos aos sinais que o bebé dá".

Ou sejam, a febre, a irritabilidade e a recusa em comer significam que o bebé não está bem. "Se apresentar algum destes sintomas, tem que ser visto; nos primeiros três meses, estes são os sinais mais importantes. Se aparecer alguma lesão na pele, obviamente que também têm de ser vistos por um médico", esclarece o pediatra, que afirma que não há qualquer tipo de prevenção para estas situações, apenas "a vigilância".

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