Deu à costa na praia de Santa Cruz uma embalagem de batatas fritas, datada de 1992 e praticamente intacta, como é visível na fotografia acima. A notícia foi partilhada no grupo de Facebook Torres Vedras Antiga (que reúne conteúdos e promove a preservação das Memórias Antigas da cidade) na quarta-feira, dia 24 de outubro.

Esta embalagem faz-nos lembrar o que se aprende na escola quando se fala de questões ambientais e de comportamentos sustentáveis. Aí ficamos a saber o tempo de decomposição dos materiais: papel (três meses), pastilhas elásticas (dez anos), latas de alumínio (mais de 100 anos) e as embalagens de plástico (30 a 40 anos). Tendo a lição estudada, não se estranha muito que chegue à costa um pacote dos anos 90 em perfeito estado.

Na embalagem é possível ler a data de validade (que expirava em 10 de maio de 1992), perceber inequivocamente qual é a marca e o tipo de batatas fritas e até saber que brinde ofereciam na altura — os pega monstros.

Este episódio decorre na mesma semana em que o Parlamento Europeu aprovou com maioria absoluta a proposta de proibição de venda de produtos de plástico de utilização única, que terá efeito na União Europeia a partir de 2021. No lote estão incluídos cotonetes, pratos, talheres, varas de balões e, ainda, produtos de plásticos oxidegradáveis e recipientes para alimentos e bebidas de poliestireno expandido (como por exemplo cuvetes de congelados, fruta ou legumes).

Até 2025 estão previstas mais medidas no combate ao lixo marinho que visam a "redução ambiciosa e sustentada de pelo menos 25%" de outro tipo de plástico de utilização única, não contemplados nesta norma aprovado pelos eurodeputados, como é o caso das embalagens de batatas fritas.

Tentei passar um dia sem usar plástico. Não passei do pequeno-almoço
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A medida surgiu acompanhada de um alerta de Bruxelas que nos recorda que "os plásticos constituem 85 % do lixo encontrado nos mares de todo o mundo. Os plásticos chegam, inclusivamente, aos nossos pulmões e à nossa mesa, sob a forma de microplásticos presentes no ar, na água e nos alimentos, sendo desconhecidas as suas implicações para a saúde", relembrando que a poluição marinha não só constitui uma ameaça ao planeta como à saúde pública.