Santorini é um autêntico paraíso a sul do mar Egeu, com casas imaculadamente brancas construídas em socalcos suspensos sobre a falésia. A paisagem é maravilhosa, a oferta turística não acaba — entre mergulhos nas piscinas, visitas às praias ou passeios pelas pequenas vilas, não faltam coisas para fazer na ilha grega.

Uma das atividades mais populares é andar de burro. Se antigamente estes animais eram utilizados para transportar bens e pessoas, hoje tornaram-se numa autêntica atração turística — além de que ajudam a combater o cansaço de subir e descer as centenas de degraus de Santorini. O problema é que o transporte de turistas obesos está a provocar sérias lesões nestes animais. E um sofrimento inimaginável.

A situação foi denunciada por ativistas pelos direitos dos animais, que em julho lançaram uma campanha a denunciar os abusos. Foi criada inclusivamente uma petição online, que reuniu mais de 100 mil assinaturas.

Perante este autêntico movimento que se gerou nas redes sociais, e chegou aos meios de comunicação social de todo o mundo, o governo grego tomou uma decisão. O Ministério do Desenvolvimento Rural e Alimentos da Grécia publicou um novo regulamento, onde prevê que os burros e cavalos não devem transportar cargas maiores do que 100 quilos, ou um quinto do seu peso.

Façamos as contas: um cavalo pesa em média entre 330 a 550 quilos, um burro entre 100 e 400 quilos. Considerando o peso máximo, o cavalo não deve transportar pessoas com mais de 100 quilos, enquanto um burro se fica pelos 80 quilos.

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Feridas abertas, maus-tratos e muitas horas de trabalho

Não é possível saber exatamente quantas horas por dia trabalham os burros de Santorini, mas os ativistas garantem que são demasiadas. Sem direito a descanso ou folgas semanais, eles passam horas e horas a subir e descer as escadas de pedra — muitas vezes sem abrigo, descanso ou sequer água.

A ascensão de turistas obesos não ajudou. Forçados a carregar pessoas muito acima do peso desejado, os movimentos de apoio a animais descobriram burros com lesões na coluna vertebral e feridas abertas. Atenção: algumas imagens podem ferir as suscetibilidades dos leitores mais sensíveis.

O novo regulamento grego pressupõe que: “Os proprietários de equídeos em atividade devem garantir que o nível de saúde dos animais é elevado. Também deve haver materiais de desinfeção nos seus alojamentos e estações de trabalho.” E continua: “Sob nenhuma circunstância devem ser usados ​​animais impróprios para o trabalho, ou seja, animais doentes, feridos, animais em estado de gravidez avançada, bem como animais com manutenção pobre de cascos.”

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O regulamento impõe ainda que os animais recebam diariamente uma alimentação adequada e água potável fresca. Os recipientes não podem estar contaminados e devem ser limpos pelo menos uma vez por dia.

Elisavet Chatzi, 45 anos, uma voluntária de Atenas que participou num protesto pacífico em Santorini, disse ao “Daily Mail”: “É um passo muito grande e acho que o nosso trabalho já valeu a pena. A situação em Santorini dura há muitos anos e não pode ser resolvida num dia”.

No dia seguinte ao lançamento do regulamento, conta, um turista foi transportado por três burros diferentes, para que nenhum ficasse exausto.

Apesar de tudo, há quem garanta que estas medidas não são suficientes. Maria Skourta, 42 anos, líder da rede internacional de ativistas dos direitos dos animais, a Direct Action Everywhere, disse à mesma publicação: “Estamos satisfeitos com o regulamento porque o propósito da nossa organização é esclarecer e iniciar diálogos. Mas o nosso objetivo não é melhorar a vida dos escravos, é libertá-los completamente.”

Até porque, garante, mesmo que já não tenham de transportar turistas obesos, ainda são forçados “a carregar cimento, eletrodomésticos e todo o tipo de pesos”.

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