Quando assisto a desfiles de moda, para além daquilo que é apresentado nas passerelles, há muitos mais factores que, para mim, fazem toda a diferença: a música, o cenário, os modelos, os cabelos, a maquilhagem e a própria coreografia. Sim, porque há ali uma coreografia de cada vez que um dos modelos põe um pé na passarelle.

A verdade é que a moda é uma forma de comunicação e um desfile é bom quando consegue transmitir ao público emoções. A expressividade é um factor fundamental e é por isso que vos quero falar do desfile de David Ferreira, de que gostei especialmente.

Só desfilaram modelos femininos e apenas com peças de cor preta. Mas o que mais me fascinou foi a mensagem transmitida por trás da coleção, despertando muitas emoções para quem está a assistir. Apesar de a música ser leve e animada, o desfile era não-convencional e carregado de estilos fortes e inovadores. Para mim, todas as modelos estavam apaixonadas, mas simultaneamente pesadas. Muitas das peças tinham uma espécie de prolongamento solto, transmitindo a ideia de que um coordenado é uma extensão da própria personalidade (e não é isso que acontece cada vez que vestimos determinada roupa?).

O facto de todas as peças serem pretas faz com que automaticamente associemos isso ao luto e à tristeza, mas o charme e a elegância estiveram sempre presentes. Obviamente que, aqui, a maquilhagem, os acessórios e os cabelos tiveram um papel crucial nos looks. Fiquei realmente surpreendida e posso dizer que este desfile exacerbou todos os meus sentidos. Amanhã há mais.