É de uma fábrica em Pêro Pinheiro que saem perfumes em óleo, champôs sólidos e pasta de dentes em frasquinhos de vidro. "Fábrica é como quem diz, é uma sala mais pequena que esta loja", admite Cátia Curica, girando sobre si mesma no meio daquela que é já uma das cinco lojas Organii, todas especializadas em cosmética biológica.

Estamos no LX Factory, onde Cátia e a irmã Rita têm dois espaços, uma concept store e outro dedicado apenas à cosmética, cenário perfeito para darem a conhecer em pormenor uma gama em nome próprio, a UNII – Organic Skin Food, que vem completar um trabalho que começou em 2009, quando decidiram lançar para o mercado "a mais pura linha de produtos cosméticos", como gostam de lhe chamar.

Na altura, juntaram em Portugal o que de melhor se produzia lá fora e agora decidiram avançar com produção própria.

A equipa por detrás desta fórmula é feita de farmacêuticos, engenheiros, esteticistas e até de especialistas em medicina chinesa e os produtos são todos feitos à mão.

Rita e Cátia Curica são irmãs e as criadoras da marca Organii

Cátia começou por explorar o mundo dos sabonetes, até porque os seus já há muito tempo que eram feitos em casa. Mas quando se juntou ao engenheiro químico Ricardo Spencer, deixou o trabalho fluir e, hoje em dia, tem à venda nas lojas Organii — e também na Maria Granel, em Lisboa — além dos sabonetes, também óleos essenciais, elixires e pastas dentífricas, champôs sólidos e perfumes.

Seja qual for o produto que saia da fábrica, há sempre um denominador comum: os químicos são evitados ao máximo e as embalagens ou são de vidro da Marinha Grande ou de plástico reciclado. Além disso, muito em breve, as lojas vão ter sistema de refill, para que os clientes possam vir comprar as quantidades que realmenee necessitam e, sempre que possível, reutilizando os frascos originais, evitando o desperdício.

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Um dos pontos de partida de Cátia e Rita foram os óleos essenciais. Apesar de não conseguirem usar em exclusivo produtos de origem portuguesa, aproveitam o eucalipto bem português, assim como recorrem ao azeite biológico de Trás-os-Montes para a produção de sabonetes.

"Uma das coisas mais interessantes, também por ser raro de encontrar em Portugal, é o facto de os óleos da UNII poderem ser ingeridos", lembra Joana Limão, chef, stylist, fundadora da plataforma Please Consider e uma apaixonada por cosmética orgânica que não resistiu a desafiar a Organii a criar perfumes em óleo. O da sua autoria chama-se "Blooming Summer", ao qual se veio juntar o "Confort Winter", mais adequado ao clima que aí vem. "Cheira a Natal", garante. E a verdade é que bastou passá-lo nos pulsos para que à memória viesse uma mistura de abóbora, canela, mantas e chá quente.

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Joana lembra que os óleos, por serem comestíveis, podem juntar-se a uma granola, por exemplo, ou, no caso do óleo de limão, ao copo de água morna para se beber em jejum.

Uma higiene que requer habituação

Quando pensaram em dar o passo em frente e passar dos óleos e dos sabonetes para a higiene oral, deram a experimentar à equipa as primeiras pastas dentífricas. "Isto é estranho", "sabe mal", "sabem bem demais", "apetece comer", foram algumas das frases mais ouvidas, mas independentemente do veredicto, todos acreditavam que aquela forma de lavar os dentes não ia vingar.

"Agora temos dificuldade em dar resposta à procura", garante Cátia, que lembra que os lotes são pequenos, todos feitos de forma artesanal e a ideia é que não fiquem na prateleira muito tempo. "Já que é feito com produtos naturais, que os usemos o mais frescos possível".

É uma questão de hábito garante, até porque nem o sabor nem a textura são aqueles a que nos habituaram as pastas de dentes comuns. "Como não tem sulfato não faz espuma e também não têm açúcar", explica Cátia. Sim, as pastas de dentes têm açúcar na sua composição.

Em contrapartida, as pastas dentífricas da UNII usam carvão ativado para ajudar a repor os minerais dos dentes e o óleo usado para os elixires limpam onde os convencionais não chegam. "O ideal era bochechar durante, vá, uns vinte minutos. Mas não queremos assustar ninguém", brinca Cátia, "comecem pelos cinco minutos e vão ver logo a diferença."