Não basta entrar no carro e guiar sem rumo. As pistas também não surgem ao acaso. É um trabalho que requer pesquisa. Abrem o Google Maps e procuram por “telhados muito caídos, ervas ou piscinas verdes.” Quem o explica à MAGG é Pedro Pereira, 28, um dos 25 fotógrafos que, a partir de 29 de setembro, vai ter parte das imagens que captou no Auditório Municipal de Vendas Novas, no Alentejo. O tema é transversal a todas as fotografias: sítios marcados pelo tempo e pela ausência humana. Daí o nome da exposição coletiva: "Lugares Abandonados".

A exposição vai contar com uma mostra de cerca de 30 fotografias, selecionadas de entre milhares. Pode ser visitada até 27 de outubro, de terça a sexta-feira, das 10 horas às 12h30 e das 14h às 19 horas. Este último horário é também o dos sábados.

Reunidos no grupo de Facebook com o mesmo nome, são os seus membros os responsáveis pela captação de imagens verdadeiramente surpreendentes, que mostram estruturas “esquecidas, decadentes e em ruínas, que em muitos casos contribuíram para o desenvolvimento” do País. Entre elas, será possível observar de perto o trabalho fotográfico realizado no abandonado Hospital Reynaldo dos Santos, em Vila Franca de Xira.

Pedro Pereira foi um dos que esteve lá, acompanhado por mais elementos deste grupo. Chegaram cedo, saltaram um muro, sem serem vistos, apesar de estarem numa zona movimentada. Encontraram uma janela pequena, entraram e deram de caras com corredores enormes, vários quartos, zonas de maternidade, salas de raio-x, de operações e até com a morgue.

“Foi espetacular”, diz Pedro. “Parecia completamente parado no tempo, com as camas e todo o material lá dentro.”

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Mas há mais. Há fotografias do Palácio da Comenda, em Setúbal, do cinema Odeon, em Lisboa, de uma fábrica de carros clássicos (muito degradados), em Alenquer, ou ainda dos aviões soviéticos dos anos 60.

Pedro Pereira é responsável de manutenção de uma fábrica automóvel em Vendas Novas, mas dedica os seus tempos livres a fotografar sítios onde poucos se atrevem a entrar. “Comecei a ver reportagens e o trabalho do Gastão Brito e Silva. Entretanto, um amigo falou-me de uma aldeia aqui perto abandonada e passei a adorar visitar aquele tipo de sítios”, conta. “É sempre uma aventura. Há uma certa adrenalina. Temos de ter cuidados em alguns locais, porque eles têm dono, seja o Estado ou um particular.”

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Já fugiu ao som de alarmes e já foi expulso de alguns dos locais em que fotografava, mas nunca teve grandes confusões. Os sítios que o grupo visita ficam intactos, garante, como mandam as regras que estipularam. Além de Pedro, assinam a exposição Gonçalo Gouveia, Duarte Madeira, Joana Sá Pinto, Maria Serra e Moura, Ricardo Delaunay, Paulo Santos e Luís Xarepe. Com idades compreendidas entre os 25 e os 50 anos, vindos de vários pontos do País, são todos administradores do grupo de Facebook “Lugares Abandonados”, fundado por João Kadosch (que entretanto tem estado menos ativo), em 2014, que conta já com 40 643 membros. É daqui que saem os restantes fotógrafos que vão expor.

A exposição vai contar com uma mostra de cerca de 30 fotografias, selecionadas de entre milhares. Pode ser visitada até 27 de outubro, de terça a sexta-feira, das 10 horas às 12h30 e das 14h às 19 horas. Este último horário é também o dos sábados.

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