Vamos começar esta crítica com o pormenor mais improvável de sempre: alcatifas, um tecido que recordamos quase sempre espesso, áspero e com pó, que facilmente nos remete para um qualquer escritório entre os anos 60 e 90, onde ainda é permitido fumar, assim ao estilo de "Mad Men". Este imaginário caiu no dia em que pisámos as incríveis fibras que cobrem o chão dos quartos do Douro41 Hotel & Spa. São suaves, leves e macias. São tão boas que tememos que ainda não tenham inventado uma palavra para elas. Por falta de melhor, podemos considerar que são uma espécie de alcatifa versão 2.0. Pedro Alvellos, diretor da unidade, garante-nos que não é uma qualquer, que é do melhor que há. Não há muito espaço para dúvidas. Nós acreditamos.

A cor ajuda, porque também é delicada. Num bege acinzentado, condiz com o resto do quarto, suave à vista e suave ao toque. O edredão e as almofadas são os únicos elementos que destoam, ainda que quase nada, porque são brancos, tal como se quer. Também não há padrões, excepto para a almofada que decora as camas. As pequenas mesas de cabeceira imitam o mármore em tons muito claros. As duas cadeiras em frente à enorme parede envidraçada são o sítio perfeito para se contemplar a paisagem, que, no caso deste quarto, dá para a montanha, ainda com vestígios do fogo que ali deflagrou em outubro de 2017. Com pouco esforço, deixa também ver o Douro, o rio por cima de onde se ergue este hotel, do grupo DHM (na categoria da Design Collection), em Castelo de Paiva. Foi aqui que a MAGG passou um fim de semana.

A sensação do quarto estende-se ao resto do espaço, o que o torna perfeito para as fugas urgentes da cidade, com a vantagem de estarmos a cerca de meia hora do Porto. Aqui não há prédios grandes, trânsito, buzinas, má disposição, ansiedade ou falta de sono. A serenidade é evidente, mesmo de casa cheia. Estamos todos envolvidos numa bolha que nos deixa aboborar, sem pesos na consciência, e que traduz a real e verdadeira entrega aos prazeres do ócio.

Nos quartos, nos corredores, e nos restantes espaços de lazer do Douro41 — como a biblioteca, o movie corner, o spa e restaurantes — só há aquilo que é absolutamente necessário. Não há mobilias ou adornos, porque também não é preciso. Só há duas coisas em abundância: poltronas para sentar e observar as paredes envidraçadas que dão destaque ao rio, que até do elevador é visível e que é o grande protagonista deste hotel.

Cristina Jorge de Carvalho, a designer de interiores que tratou do espaço, fez um excelente trabalho. Com poucos elementos, conseguiu dar conforto e bom gosto ao hotel e, assim, fugir do ar hospitalar que a falta de elementos e espaços vazios podem proporcionar.

O acesso à rua faz-se através de vários pisos e em quase todos há jardins por descobrir. Dizem que só os mais curiosos chegam lá. Nuns há escadas para descer, noutros não. A paisagem, a partir de qualquer um destes pontos, já se sabe qual é. Mas há um elemento que, a certo ponto, se junta: a piscina infinita, erguida por cima do Douro e que nos dá a sensação de estarmos a mergulhar nas suas águas. Não tem espaço para muitas braçadas (11 metros de comprimento por seis de largura), mas reúne todas as condições para bons mergulhos e banhos de sol.

O pequeno-almoço faz-se no restaurante Raiva, que mais tarde serve refeições gourmet — as mais leves ficam no À Terra Bar & Canteen — a marca presente nos hotéis do grupo DHM —, que inclui petiscos do dia, pizzas feitas em forno de lenha, saladas e diferentes cocktails. O buffet é servido até às 11 horas, mas quem acordar depois não corre o risco de ficar de estômago vazio, porque uma das particularidades do Douro41 é a de não ter horas de fim para a primeira refeição do dia. É isso: a qualquer hora, e em qualquer ponto do hotel, é possível tomar o pequeno-almoço, com a diferença de que a dada altura tem de ser pedido à carta, sem custos acrescidos, excepto se for com serviço de quarto.

O que há e o que vem de novo

Com 18 mil metros quadrados de área total, o Douro41 Hotel & Spa reabriu em julho, após uma remodelação profunda de sete meses, processo que se encontra na reta final e que teve um investimento de cinco milhões de euros. Neste momento, conta com 42 quartos e cinco suites, sendo que a capacidade irá aumentar para 55 quartos, seis suites (uma delas com duas casas de banho) e ainda 20 vilas — quatro T3, 11 T2 e cinco T1 — com sala, kitchenete e jardim exterior incluído. Para dar acesso aos cinco novos socalcos do hotel, está a ser terminado um funicular cujo acesso será feito a partir do quarto piso.

À piscina infinita, vai somar-se, em breve, outra, bastante maior (17 metros de comprimento por oito de largura) no novo ponto mais alto do Douro41, que inclui também um bar e uma zona de solário. A decoração também acaba de estrear, com maior destaque para o rio, para a luz e para os espaços de lazer. A recepção trocou de lugar com a cantina À Terra, onde são servidos snacks, muitos deles confeccionados em forno de lenha, e diversas bebidas, incluindo cocktails. O restaurante para refeições gourmet é o Raiva, que tem vista panorâmica para o rio.

O hotel passa também a contar com seis lareiras, cinco nos espaços comuns e uma numa das suites. A unidade conta ainda com um movie corner, com televisão suspensa na parede e sofás, uma sala de jogos, com bilhar, xadrez e damas e de uma biblioteca.

Há também um spa com circuito de hidroterapia e piscina interior aquecida, com vista para o rio, aberta 24 horas por dia, assim como o ginásio. Tem ainda uma sala de reuniões com 93 metros quadrados e capacidade para 60 pessoas.

Consoante a época e a suite, os preços por noite variam entre 102€ e os 400€, para duas pessoas.

*A MAGG esteve no hotel a convite da Odisseias