Está cada vez mais difícil olhar para o catálogo da Netflix e decidir para que produção se vira primeiro. Seja um filme, uma série ou até mesmo um documentário de crime macabro, o mais certo é não sentir falta de variedade e ter mais para ver do que aquilo que o tempo lhe permite.

Mas há um género em particular que está muito bem representado na plataforma de streaming, e que merece mais atenção do que aquela que tem tido. Falamos dos espetáculos de comédia, vulgarmente chamados stand-up, que desde 2017 têm sido uma das grandes apostas. Desde humor nonsense, depreciativo ou simplesmente provocatório, a MAGG foi analisar à lupa o catálogo da Netflix e mostra-lhe os melhores espetáculos para rir até não poder mais.

Escolhemos os 6 stand-up mais hilariantes, todos eles bem recentes.

"Nanette", de Hannah Gadsby

Foi talvez um dos espetáculos de humor mais comentados nas redes sociais desde que chegou à Netflix em junho. Durante cerca de uma hora, a comediante australiana tem a capacidade de fazer humor de uma maneira diferente: é que todo o espetáculo é composto por situações de comédia, complementadas com monólogos de crítica social que têm como base a experiência de vida de Hannah Gadsby ("Please Like Me"), que sempre se sentiu marginalizada por ser homossexual.

É um espetáculo raro, em que a humorista consegue, ao longo de toda a atuação, dizer algo verdadeiramente triste e pesado — que funciona como um autêntico murro no estômago capaz de fazer qualquer um perder o fôlego — e aligeirar com uma piada logo a seguir.

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Pelo meio, Gadsby disse estar farta do tipo de humor que fazia e ameaçou terminar a carreira, através de uma das frases mais marcantes de todo o espetáculo."Construí toda a minha carreira à base de humor auto-depreciativo, e não quero mais fazer isso. Vocês têm noção do que é fazer este tipo de humor para alguém que já vive à margem do que a sociedade considera aceitável? Não se trata de humildade mas de humilhação. Remeto-me para segundo plano para poder falar, para pedir licença para falar, aliás, e não quero mais fazer isto. Se isso significar o fim da minha carreira, que seja".

Apesar da ameaça, Gadsby não terminou a carreira — muito devido ao sucesso que o seu stand-up conseguiu depois de ter estreado na Netflix.

"Too Real", de Marc Maron

Marc Maron ("Quase Famosos") é um produtor, ator e humorista veterano que foi ganhando popularidade através do seu podcast "WTF With Marc Maron", onde fala da sua vida e está à conversa com alguns convidados da elite norte-americana. Pela sua garagem já passaram nomes como Barack Obama, Louis C.K. e Sean Penn, e está constantemente nos programas mais ouvidos e populares de sempre.

Quem for fã do podcast não verá nada de novo no espetáculo "Too Real", disponível na Netflix desde setembro de 2017, onde o humorista desencadeia uma espécie de tempestade de ideias acerca da meditação, do mito da mortalidade e de como é viver num mundo cada vez mais moderno e tecnológico. Alguns dos momentos do espetáculo são dedicados à nostalgia do humorista ao ouvir os The Rolling Stones, e de como é ser um cidadão que tem Donald Trump como presidente.

"The Bird Revelation", de Dave Chapelle

Em 2017 saiu também o espetáculo que marcou o regresso de Dave Chapelle aos palcos. Chama-se "The Bird Revelation" onde o humorista fala de tudo o pouco: desde os casos de assédio que marcaram grande parte do ano passado até ao facto de viver numa era em que Donald Trump, um milionário e senhor do Twitter, é presidente.

O espetáculo de stand-up foi recebido com algumas críticas devido ao tipo de humor irreverente pelo qual Chapelle ficou conhecido, e que o comediante chegou mesmo a explorar, em jeito de piada, como e porque é que as pessoas se deixam ser violadas ou assediadas — o que tinha tudo para não cair bem. Mas é na polémica e nas bocas do mundo que Dave Chapelle gosta de estar. Prova disso é a quantidade de espetáculos que já deu depois deste — alguns deles até estão disponíveis na Netflix, por isso pode ver tudo de seguida.

"A Minha Vida Não Faz Sentido", de Felipe Neto

É possível que já tenha ouvido falar neste nome. Felipe Neto é não só um dos youtubers mais populares do Brasil, como está agora envolvido num novo projeto que está a levar os miúdos à loucura — e sobre o qual a MAGG já escreveu. O youtuber brasileiro ficou conhecido depois de fazer uma paródia, em 2010, sobre a saga "Crepúsculo".

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O vídeo tornou-se viral e desde então que o sucesso não abrandou. Felipe Neto ganhou cada vez mais fãs e criou uma peça de teatro chamada "A Minha Vida Não Faz Sentido". Em 2017, adaptou o formato a um espetáculo de stand-up que foi distribuído em todo o mundo através da Netflix. No espetáculo o humorista fala da sua vida, de como foi chegar até ali e de todas as dificuldades por que passou. Tudo com o mesma dose de humor pela qual já ficou conhecido desde os vídeos no seu canal de YouTube.

"Humanity", de Ricky Gervais

"Humanity" foi o primeiro stand-up de Ricky Gervais depois de oito anos sem espetáculos ao vivo. Gravado em Londres e estreado este ano, marca o regresso de uma das figuras mais importantes do humor internacional. Na sinopse lê-se que o humorista não é fã de pessoas, mas que elas são uma fonte de inspiração. E é nesse sentido que o humor de Gervais parece funcionar.

É que o comediante diz várias vezes durante o stand-up que as pessoas gostam cada vez mais de levar as coisas muito a peito — mas na verdade o que está a acontecer é uma espécie de vingança do humorista sobre todos aqueles que o criticaram. Em "Humanity", Ricky Gervais desempenha um estilo de humor afiado e provocatório com o intuito de descarregar o máximo que poder em toda a humanidade.

"Louis C.K. 2017", de Louis C.K.

Apesar das polémicas mais recentes, que revelaram como Louis C.K. assediou várias mulheres, a verdade é que continua a ser um dos humoristas mais populares de sempre. O lançamento do mais recente stand-up pela Netflix foi prova disso mesmo, tendo gerado vários comentários e partilhas nas redes sociais.

Neste espetáculo o comediante fala sobre alguns dos temas por que já ficou conhecido — a religião, o amor, o uso de drogas e o politicamente correto, assim como o ódio e as coisas mais mesquinhas do dia a dia. Durante uma hora e pouco, Louis C.K. garante momentos de valentes gargalhadas e de introspeção, mas sempre com uma atitude descomplicada e ligeira.

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