Vêm aí mudanças substanciais na Praça do Martim Moniz, no centro de Lisboa. A zona, atualmente marcada por uma grande diversidade étnica e cultural, com espaços de comida e muitas feiras de vários países e regiões do mundo, vai levar uma grande volta, de acordo com o que foi avançado esta terça-feira, 11 de setembro, pelo site "O Corvo", um projeto editorial sobre a cidade de Lisboa. A Câmara Municipal de Lisboa terá mesmo já encomendado um projeto de requalificação ao ateliê do arquiteto José Adrião.

Não é por acaso que na estação de metro do Martim Moniz, em Lisboa, há a imagem de um cavaleiro entalado numa porta. A estilização conta a história de Martim Moniz, um soldado que morreu heroicamente no século XII durante o Cerco de Lisboa. Ao aperceber-se de uma porta entreaberta, atirou-se a ela antes que fechasse. Teve morte imediata, mas conseguiu dar tempo suficiente para os seus companheiros entrarem.

Ainda hoje se discute a veracidade total desta história, mas a verdade é que a bravura de Martim Moniz, real ou fictícia, valeu-lhe um busto, uma estação de metropolitano e até uma praça. Um pouco abandonada ao longo das últimas décadas, ganhou nova vida com a construção dos centros comerciais da Mouraria e do Martim Moniz, no final dos anos 80 e início de 90.

A estação de metro do Martim Moniz

Foi nesta altura que se arrancou com uma restruturação do local, que contou com pavimentos desenhados por Eduardo Néry, jardins, fontes e vários espaços comerciais. Durante uns anos nem as obras foram suficientes para livrar o Martim Moniz da má fama, associada a operações policias, rusgas e afins. Hoje está diferente: ajudou o turismo, bem como a abertura de espaços trendy como o TOPO.

Apesar de tudo, a reestruturação é necessária. Pelo menos é essa a opinião de Miguel Coelho (PS), presidente da Junta de Freguesia de Santa Maria Maior.

"Como está, está muito mau. Aquilo está completamente degradado", disse a '"O Corvo". "A praça não tem qualidade nenhuma e corresponde a um modelo que considero obsoleto. A zona degradou-se imenso, há um mau uso do espaço público. O Martim Moniz transformou-se num local que nos traz problemas, nos mais variados campos. Seja a nível da higiene do espaço público, da segurança ou da degradação da qualidade de vida em redor. Toda as pessoas na Mouraria e nas envolventes à praça reclamam pelo mau ambiente e pelo barulho ali produzido, fora de horas."

O Martim Moniz nos anos 70

Atualmente um espaço de lazer, com lagos, fontes e esplanadas, parece que agora está na altura de fazer diferente. Na opinião de Miguel Coelho, o ideal seria dedicar a praça às crianças.

"A junta já se ofereceu para gerir o espaço, mas não obteve resposta da Câmara de Lisboa. Defendo a requalificação integral da praça, deviam deitar aquilo tudo abaixo e transformar o largo num grande parque infantil, se não na sua totalidade, pelo menos em dois terços da área da praça".

Na opinião do presidente da Junta de Freguesia de Santa Maria Maior, este é um "equipamento que faz muita falta à cidade, sobretudo ao centro histórico, que não tem praticamente nenhum parque infantil".