Se pensarmos bem, Lisboa às vezes é estranha. Principalmente quando andamos ali junto ao rio e parece que vamos passando por várias cidades. Começamos num Parque das Nações futurista, com teleféricos e vistas para uma ponte da qual não se vê o fim. Passamos depois por um deserto de contentores e armazéns ali para os lados de Marvila que ainda nem todas as cervejas artesanais lá instaladas conseguiram (e ainda bem) mudar. Se prosseguirmos a caminhada, esbarramos com a multidão de estrangeiros de selfie stick na mão a tentar apanhar na mesma foto o Tejo e o D. José de cobre instalado no centro do Terreiro do Paço. Passamos ainda por um Cais do Sodré sempre a abrir e pronto, acabou. Ou quase.

Até chegar a Belém voltamos ali a um misto de contentores coloridos e espaços que só se veem preenchidos em dias de Nos Alive. Pelo menos era assim até que se viu erguer recentemente, ali na zona do Cais da Rocha Conde de Óbidos, um edifício que, apesar de ter os tais contentores, veio dar espaço a quem quer aproveitar a beira-rio.

Bruno Rodrigues, 38 anos, é o chef à frente da cozinha do Okah

Nos primeiros pisos do Lacs - Lisbon Art Center & Studios, um espaço com cinco mil metros quadrados, estão instaladas salas de coworking e indústrias criativas. Mas é ao topo do edifício que nos dirigimos quando a ideia é beber um copo, jantar e até prolongar a noite.

O último piso deste polo criativo divide-se em dois: de um lado um bar e lounge com petiscos, o Zazah Good View, e do outro o Okah, um restaurante que surge da mesma equipa criativa que o Zazah do Príncipe Real.

Zazah, um restaurante de partilha de sabores de todo o mundo
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Desta vez, ao contrário do que acontece no Zazah original, onde é o Brasil a servir de inspiração aos pratos, aqui a viagem faz-se para Oriente, com pratos inspirados na cozinha de países como Vietname, Filipinas, Tailândia, Japão, Rússia e todo o Médio Oriente.

Comecemos então esta viagem até à Ásia, com sabor e sem jet lag.

O menu

A carta não está dividida por países, mas basta passar os olhos para perceber que a viagem é intercontinental. Começamos com o kinilaw (13,5€), conhecido como o ceviche filipino feito com leite de tigre e umas amêijoas garam masala (12,5€), a juntar o melhor de dois mundos: peixe e marisco português com temperos além fronteiras.

E não é por chegarmos aos pratos principais que saímos desta balança bem calibrada entre Portugal e o resto do mundo. A dourada grelhada (16,5€) vem servida com molho de tamarindo, típico da Tailândia. O lombo de novilho (21,5€) é servido em modo pica-pau, acompanhados com ananás e temperos asiáticos. Para algo mais arrojado e de influência totalmente oriental, há a soba de quiabo e garam masala, uma massa tradicionalmente feita de trigo sarraceno, mas que, neste caso, e pela proximidade de cor com a que estamos mais habituados, é combinada com outras farinhas. A envolver o prato vem um sabor (talvez demasiado) forte a queijo, ingrediente presente também no puré de batata que acompanha a dourada e que — chamem-me reacionária —ficava a ganhar se fosse simplesmente aquilo que vem descrito na ementa: puré de batata.

Izanagi. Na comfort food japonesa há muito mais do que sushi
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As opções de guarnição são tantas e tão variadas que ganham uma secção só sua na ementa. Há desde o simples arroz basmati (3,5€) à batata frita com paprika doce (4€), ou algo mais leve como legumes saltedos (6€) e salada cambojana (12,5€), feita com pimentos vermelhos, gambas, cebola, pak-choi e tomate cereja.

O Chef Bruno Rodrigues, responsável pela cozinha do Okah, depois da experiência em restaurantes como o Cais da Pedra do chef Henrique Sá Pessoa ou o Bairro do Avillez, faz uma pausa no trabalho de fazer chegar à mesa todos estes pratos e aproveita para apresentar as sobremesas escolhidas para quem já tem pouco espaço para os doces. 

Morada: Edifício LACS – Cais da Rocha Conde de Óbidos, Lisboa

Horário: todos os dias 12h-15 (a partir de 1 de setembro) e 19h-24h

Contacto: 914 110 791

Banana flambada com sakê em cama de tapioca de hibisco (7,5€) e, a vencedora da noite, ananás yuzu (7,5€), servido levemente grelhado e acompanhado com gelado de yuzu, o cítrico que faltava para retemperar todo este rol de sabores.

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