Sou verdadeira amante de futebol. Vibro com cada jogada, sinto cada minuto do jogo e é indiscritível o misto de emoções que vivo em cada jogo, em cada
jogada, em cada remate.

O futebol é mesmo assim, move montanhas, desperta paixões inexplicáveis e provoca sentimentos totalmente irracionais. É este desporto que marca a sociedade atual, com milhões de adeptos, simpatizantes e praticantes... influencia a forma como regressamos ao trabalho na segunda feira e alimenta a nossa vida. O futebol está mais vivo que nunca, mais poderoso do que outrora foi e inequivocamente é um veículo excelente para fazer esquecer a realidade.

Neste palco que é o futebol várias são as personagens que marcam o ritmo, que fazem a e história. Os adeptos são disso exemplo. Os adeptos identificam-se profundamente com o clube/equipa por qual torcem e sentem que tal facto faz parte da sua identidade, e é algo que os diferencia dos demais.

Há adeptos e adeptos, todos sentem e vivem o futebol de forma diferente, são pessoas. Uns gritam, vibram, saltam e esperneiam, outros permanecem calados toda a partida, outros mesmo perdem a compostura e recorrem uma lista completa do vernáculo português. Mas, seja qual for o tipo de adepto sabemos que um estado de frustração, tristeza apodera-se de si se o seu clube perde e euforia, alegria se o seu clube ganha. Se o clube ganha, o adepto sente-se como se efetivamente aquela vitória fosse mudar o mundo.

Outra personagem são os jogadores, diria os atores principais. Aqueles que no palco do relvado, conduzem toda a ação. Verdadeiros ídolos dos adeptos e influenciadores de práticas do quotidiano.

Mais uma personagem, diria a mais polémica, é sem dúvida a equipa de arbitragem. Amados ou odiados, depende de que lado se analisa a realidade é impossível ficar-lhes indiferente. Com um papel central, determinam a ação.

Os dirigentes são sem dúvida, uma outra personagem. Neste campo ultimamente muito se tem escrito sobre o ex-presidente do Sporting, Bruno de Carvalho.

Esta personagem merece algumas palavras. Esta personagem possui uma elevada capacidade de mobilização de massas. Com um discurso agressivo, com laivos de arrogância, promete metas megalómanas, sem nunca definir os meios para as atingir. Uma personagem baseada em emoções exacerbadas, pautada pelo exagero que confunde quem a escuta e segue. Invoca a toda o momento a identidade coletiva e assume-se como o único capaz de mudar o rumo do Sporting.

Acredita piamente ser um privilegiado, um ser especial, o porta-voz da justiça, o que vai restaurar o equilíbrio. Recorre a uma panóplia de mensagens, manifestos e comunicados que pela sua variedade manipulam quem a escuta. Em toda a sua atuação minimiza a gravidade de tudo aquilo que se coloque no seu caminho. Precisa segui-lo com o mínimo de perturbações.

Os laivos autoritários, a constante referência ao eu e a vontade absurda de poder sempre presentes na personagem Bruno de Carvalho existiram desde a sua candidatura à presidência do Sporting. Mas os sportinguistas não viram, acreditaram ser a sua idiossincrasia, um preço a pagar para alcançar o tão almejado título/troféu.

Uma personagem fenómeno, um objeto de desejo mediático, uma personagem omnipotente, com enfoques narcísicos. Uma personagem que nos deixa curiosos de como será verdadeiramente a pessoa Bruno de Carvalho.

Haverá certamente mais personagens do futebol, os comentadores dos programas de televisão, os vendedores ambulantes, as claques e tantos outros que tornam o futebol único e indescritível.

Mas, não esqueçamos, somos nós que damos palco a cada personagem, a tiramos do papel de figurante para papel principal.

Pense nisso e veja quem quer que seja personagem principal.