Já diziam os antigos que não há como agradar a gregos e troianos. E se até agora os portugueses não se pararam de queixar deste tímido verão, a subida de temperatura prevista para esta semana também já está a assustar parte da população — mas trata-se de um receio justificado. De acordo com o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), a partir desta quarta-feira 1 de agosto, Portugal vai ser alvo de uma vaga de calor, com regiões a ultrapassar os 40 graus e nove distritos em alerta vermelho (Bragança, Évora, Guarda, Vila Real, Santarém, Beja, Castelo Branco, Portalegre e Braga) devido à persistência de valores elevados da temperatura máxima.

"A exposição a períodos de calor intenso, durante vários dias consecutivos (ondas de calor) constitui uma agressão para o organismo, podendo conduzir à desidratação, ao agravamento de doenças crónicas, a um esgotamento ou a um golpe de calor, situação muito grave e que pode provocar danos irreversíveis na saúde, ou inclusive levar à morte", pode ler-se no site oficial da Direção-Geral da Saúde (DGS), que já emitiu várias recomendações para as situações meteorológicas extremas que se preveem para os próximos dias.

Há que ter especial cuidado com os grupos mais vulneráveis como crianças e idosos, mas não só. Os portadores de doenças crónicas (nomeadamente doenças cardiovasculares, respiratórias, renais, diabetes, alcoolismo), as pessoas obesas, acamadas, com problemas de saúde mental, que vivem em más condições de habitação, os trabalhadores expostos ao sol e quem toma determinados medicamentos (como anti-hipertensores, antiarrítmicos, diuréticos, anti-depressivos, neurolépticos, entre outros) também são consideradas de risco.

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Medidas para se proteger do calor

Com temperaturas elevadas, o primeiro passo para se manter saudável é estar hidratado, consumindo muita água ao longo do dia. Porém, este é um ato que pode não ser natural para todas as pessoas. De acordo com a DGS, os recém-nascidos, crianças, idosos e pessoas doentes podem não sentir (ou não manifestar) sede, pelo que são particularmente vulneráveis ao calor e é preciso oferecer-lhes água, estar atento e vigilante.

Em relação a estes grupos, é importante ter em mente que, e segundo dados da entidade pública de saúde, as pessoas idosas não devem ir à praia nos dias de grande calor, os bebés com menos de seis meses não devem ser sujeitos à exposição solar e deve evitar-se a exposição direta nas crianças com menos de três anos, dado que as radiações solares podem provocar queimaduras da pele, e há que ter muito cuidado com a exposição indireta, mesmo debaixo de um chapéu de sol, ou com um chapéu no mar, pois tanto a água como a areia da praia também refletem os raios solares.

Para além destes cuidados, há outras dicas e recomendações, emitidas pela Direção-Geral da Saúde, que deve seguir para se manter a si e à sua família ilesos durante este período de temperaturas mais elevadas.

Aumente a ingestão de água, ou sumos de fruta natural sem adição de açúcar, mesmo sem ter sede. As pessoas que sofram de doença crónica, ou que estejam a fazer uma dieta com pouco sal, ou com restrição de líquidos, devem aconselhar-se com o seu médico ou contactar a Linha Saúde 24 (808 24 24 24);

Evite o consumo de bebidas alcoólicas e com elevados teores de açúcar;

Prefira refeições leves e coma com mais frequência, sendo de evitar as refeições pesadas e muito condimentadas;

Permaneça duas a três horas por dia num ambiente fresco, ou com ar condicionado, para evitar as consequências nefastas do calor, particularmente no caso de crianças, pessoas idosas ou pessoas com doenças crónicas. Se não dispõe de ar condicionado, visite centros comerciais, cinemas, museus ou outros locais de ambiente fresco;

No período de maior calor, tome um duche de água tépida ou fria. Mas tenha o cuidado de evitar mudanças bruscas de temperatura — um duche gelado, imediatamente depois de se ter apanhado muito sol ou calor, pode causar hipotermia, principalmente em pessoas idosas ou em crianças;

Evite a exposição solar direta, em especial entre as 11 e as 17 horas. Sempre que estiver ao sol, ou andar ao ar livre, use um protetor solar com um índice de proteção elevado (igual ou superior a 30) e renove a sua aplicação de duas em duas horas, principalmente se estiver molhado ou se transpirou bastante;

Ao ar livre, prefira roupas que evitem a exposição direta da pele ao sol, particularmente nas horas de maior incidência solar. Use chapéu e óculos que ofereçam proteção contra a radiação UVA e UVB, bem como peças de roupa larga, leve e fresca, de preferência de algodão;

Evite a permanência em viaturas expostas ao sol (principalmente nos períodos de maior calor), sobretudo em filas de trânsito e parques de estacionamento. Se o carro não tiver ar condicionado, não feche completamente as janelas e nunca deixe crianças, doentes ou pessoas idosas dentro de veículos expostos ao sol;

Sempre que possível, prefira viajar de noite;

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Diminua os esforços físicos e repouse frequentemente em locais à sombra, frescos e arejados;

Coloque menos roupa na cama, sobretudo quando se tratar de bebés e de doentes acamados;

Evite que o calor entre dentro das habitações. Corra as persianas ou feche portadas e mantenha o ar circulante dentro de casa;

Não hesite em pedir ajuda a um familiar ou a um vizinho no caso de se sentir mal com o calor. Informe-se periodicamente sobre o estado de saúde das pessoas isoladas, idosas, frágeis ou com dependência que vivam perto de si.