Há filmes em que não basta saber representar para se fazer um grande papel. As estrelas do cinema têm mesmo que alterar o corpo para encarnarem a personagem. Que o diga Natalie Portman, quando fez o thriller psicológico "Cisne Negro" (2010) de Darren Aronofsky. A atriz revelou ao jornal "The Independent", que a rotina que teve de adotar a deixou esgotada ao ponto de achar que ia morrer. Para interpretar a bailarina Nina Sayers, Portman perdeu 9kg, comia pouco mais que umas cenouras e amêndoas, e passava 8 horas por dia a treinar, chegando a deslocar uma costela durante os ensaios.

Não está sozinha na lista das transformações drásticas dos atores de Hollywood nas últimas três décadas, como se pode ver nestas fotografias.

Robert De Niro — "O Touro Enraivecido" (1980)

No clássico de Martin Scorsese, "O Touro Enraivecido", Robert De Niro engordou 25kg de modo a assemelhar-se ao pugilista Jake LaMotta quando este já era mais velho, pois na altura De Niro tinha apenas 37 anos. Quanto à caracterização, apenas foi preciso mudar o cabelo e o nariz, através de uma prótese, um detalhe característico de LaMotta.

Matt Damon — "Coragem Debaixo de Fogo" (1996)

No papel de um soldado viciado em heroína, Matt Damon perdeu 18kg em “Coragem Debaixo de Fogo”. O ator, que na altura ainda não era tão reconhecido como hoje em dia, seguiu um regime extremo de dieta e de exercício físico. Após ter ficado com a saúde frágil, teve acompanhamento médico durante vários meses depois das filmagens.

Hilary Swank — "Os rapazes Não Choram" (1999)

Baseado na história real de Brandon Teena, Hilary Swank interpreta uma personagem transexual, nascida mulher, mas que se identifica com um homem. Para se preparar para o papel, foi pedido a Hilary Swank que vivesse como um homem durante um mês, o que incluía usar uma faixa compressora para o peito (de modo a diminuir o volume) e pôr as meias em cima das calças, tal como a personagem. Para além de perder peso, cortou a maior parte do cabelo e aprendeu maneirismos de homem, tal como a andar e a falar, algo que a distinguiu quando fez o casting para o filme.

Nicole Kidman — "As Horas" (2002)

Uma mudança que parece simples, mas que mudou por completo a aparência da atriz australiana Nicole Kidman. Para interpretar Virginia Woolf em “As Horas”, a atriz usou uma prótese no nariz para ficar semelhante ao da escritora. A atriz ficava com uma aparência tão diferente que, segundo o IMDb, utilizou a prótese fora das filmagens — na altura estava em processo de divórcio de Tom Cruise e assim não atraía as atenções de paparazzi.

Charlize Theron — "Monstro" (2003)

Não é de admirar que este tenha sido o papel que deu a Charlize Theron o seu primeiro Óscar de Melhor Atriz. Com a realização de Patty Jenkins — que a escolheu após ver a sua interpretação em “O Advogado do Diabo” (1997) — “Monstro” conta a história real de Aileen Wuornos, uma prostituta que se tornou na primeira assassina em série dos Estados Unidos da América.

A mudança física de Charlize Theron, que consistiu em ganhar 14kg, foi apenas uma “pequena” parte da transformação. O verdadeiro desafio passou pelo processo de caracterização e maquilhagem antes das filmagens, que consistiu em: dar ao cabelo um aspeto estragado e oleoso; colocar dentes postiços de forma a replicar uma boca mais larga como a de Aileen Wuornos; pôr lentes de contacto castanhas; retirar a maior parte das sobrancelhas e ainda recriar danos na pele do rosto.

Christian Bale — "O Maquinista" (2004)

“O Maquinista” fez de Christian Bale o ator que mais perdeu peso para um papel na história do cinema. Os produtores afirmam que o ator britânico perdeu 28kg (passou de 78kg para 50kg). O filme conta a história de um maquinista que sofre de insónia há 1 ano, o que acaba por se reflectir na sua saúde física e mental.

Segundo o IMDb, o realizador, Brad Anderson, ficou genuinamente chocado após ver a aparência física do ator no primeiro dia de filmagens, sendo que este não teria pedido para perder tanto peso. A dieta de Bale consistia em uma lata de atum e uma maçã por dia. O mesmo acabou por recuperar o peso, especialmente a massa muscular, para interpretar Bruce Wayne em “Batman - O Início” (2005).

Jared Leto — "Capítulo 27 - O Assassinato de John Lennon" (2007)

Já não é a primeira nem a segunda vez que o ator e cantor se submeteu a uma mudança física drástica para um papel. A primeira foi em “A Vida não é um Sonho” (2000), onde perdeu 11kg para interpretar um toxicodependente.

Mais tarde, em “Capítulo 27 - O Assassinato de John Lennon” (2007), ganhou 30kg drasticamente para vestir o papel do assassino de John Lennon, Mark Chapman, o que o tornou quase irreconhecível. No entanto, esta mudança foi tão súbita que o próprio corpo do ator não reagiu bem ao ponto de ter de ficar temporariamente numa cadeira de rodas, com os níveis de colesterol altos, dores de costas e um batimento cardíaco irregular.

Apesar de o filme não ter sido recebido da melhor forma pelos críticos, a interpretação de Leto foi reconhecida pelos mesmos e descrita como “fenomenal”. Mais recentemente, perdeu de novo peso (desta vez 14kg), num papel secundário ao lado de Matthew McConaughey, para interpretar uma personagem transexual portadora de SIDA em “O Clube de Dallas” (2013), com o qual venceu o Óscar de Melhor Ator Secundário e um Globo de Outro, na mesma categoria.

Marion Cotillard — "La vie em rose" (2007)

Em “La vie en rose”, a atriz francesa, Marion Cotillard, passou por um processo moroso durante a produção de modo a ficar fiel à cantora Édith Piaf, cuja vida é retratada no filme desde a infância até à sua morte. Em entrevista ao site “Collider” a atriz afirma que usou uma prótese na cara, no corpo (de forma a que ficasse maior), látex e pinturas acrílicas. Rapou ainda parte do cabelo e as sobrancelhas, que foram depois desenhadas a lápis, tal como a cantora costumava usar.

Rooney Mara — "Millenium 1: Os Homens Que Odeiam as Mulheres" (2011)

De acordo com o IMDb, os vários piercings de Rooney Mara no papel da “hacker” profissional Lisbeth Salander — que incluem: quatro furos em cada orelha, um no lábio, dois no nariz, um na sobrancelha e um no mamilo — são reais e foram feitos numa série de sessões em Brooklyn e na Suécia. Para além disso, cortou e pintou o cabelo (de preto) e a sobrancelhas (de loiro). No entanto, o único piercing que manteve após as filmagens foi o do mamilo para o caso de haver uma sequela, pois disse que era “muito doloroso para fazer de novo”.

Meryl Streep — "A Dama de Ferro" (2011)

Já todos conhecemos o lado camaleónico de Meryl Streep, e os seus 3 Óscares (de 21 nomeações) comprovam-no. A atriz interpretou a política britânica Margaret Thatcher em "A Dama de Ferro" e as semelhanças são quase inquietantes. Depois de meses a aprender os maneirismos e a articulação de Thatcher, a magia da transformação física foi feita através de próteses, tal como máscaras de silicone, incluindo peças separadas para o pescoço, bochechas, narizes e ainda uma dentadura.

Mathew McConaughey — "O Clube de Dallas" (2013)

O ator norte-americano Matthew McConaughey perdeu 21kg (mais 6kg que Jared Leto) pelo qual foi descrito como “esquelético” e “só pele e ossos” por vários jornais. Contudo, foi através deste papel — onde interpreta um eletricista diagnosticado com SIDA — que venceu o seu primeiro Óscar de Melhor Ator.

Eddie Redmayne — "A Teoria de Tudo" (2014)

Em a "A Teoria de Tudo" — a biografia que conta a história de Jane e o físico Stephen Hawking — Eddie Redmayne admite, segundo o IMDb, ter ficado "obcecado" com o papel "o que não foi nada saudável". Para se preparar, perdeu 7kg, treinou durante 4 meses com um bailarino para aprender a controlar o seu corpo e conheceu pacientes de ELA (Esclerose Lateral Amiotrófica) para compreender melhor a doença.

Tinha ainda um gráfico que mostrava a ordem em que os músculos de Hawking começaram a entrar em declínio e treinava à frente do espelho durante horas de modo a conseguir contorcer os músculos da cara. Esta árdua preparação deixou-o com o alinhamento da coluna alterado de andar tanto tempo curvado durante as filmagens. No fim, o esforço acabou por compensar ao vencer o Óscar e o Globo de Ouro de Melhor Ator.