Há coisas em que não há consensos possíveis. No frango assado, por exemplo, jamais se irá convencer um amante do frango da Valenciana, em Campolide, Lisboa, que o do Rio de Mel, em Alvalade, é melhor. Não vale a pena a discussão. Cada um fica com a sua, e amigos como dantes. Com as praias é mais ou menos a mesma coisa. Uns gostam de ondas, outros de areais grandes, há quem goste de praias desertas, outros preferem um bom restaurante de praia, há os que têm recordações que valem para a vida, outros que conhecem aquele mar desde sempre e nunca o irão trocar. Por tudo isto, a MAGG criou o desafio Guerra de Praias, que durará ao longo dos meses de julho e agosto. A ideia é que os vários colaboradores da MAGG defendam, com unhas, dentes e facas afiadas, todas as segundas e sextas-feiras, aquela que é, para cada um, a melhor praia do mundo, a praia da sua vida. Os argumentos vinculam cada um dos autores. Comecemos com a praia da jornalista Ana Roque. Aqui vai:

Mais do que do Benfica, sou do inverno – as enxaquecas recorrentes no verão nunca deixaram que fosse de outra maneira. O calor não me acelera o coração e nem sequer me consigo bronzear. Por isso, vão ter mesmo de acreditar em mim: a praia do Castelejo é a melhor praia do mundo.

Corria o verão de 2015, e estava eu a sofrer com um coração partido autodiagnosticado. Tinha acabado de cortar o cabelo "à rapaz" e estava de férias com os meus pais no Algarve. Mas como se diz (como eu digo), a melhor parte de bater no fundo do poço é que a partir daí, só se pode subir.

Fui parar a Vila do Bispo por sugestão de não sei quem, e depois de um caminho difícil – não para mim, que nem sequer tenho carta de condução – cheguei ao "fim do mundo" mais bonito que já vi.

A praia do Castelejo, filha do Algarve e do Alentejo, é tão bonita que nem vão precisar de se distrair com os telemóveis. Mas mesmo que quisessem, não podiam, porque não há rede. Nenhuma.

A minha praia não tem água quente e tem ondas. Mas também tem peixes de todas as cores e recantos incríveis desenhados pela natureza, sem a ajuda de ninguém. Na praia do Castelejo, quem manda é o mar, a areia e o vento. O homem está em minoria.

É boa para todos os dias do ano, para ler um livro, para apanhar sol, ou mesmo só para respirar. Digo-vos mais: se quiserem cheirar a natureza, é lá que têm de ir.

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A praia é, sobretudo, frequentada por surfistas, o que faz dela um potente analgésico para alguns corações partidos. Mas em Vila do Bispo não vão encontrar só a melhor praia do mundo. É também lá que estão os melhores percebes (ou perceves) do mundo.

"Não t'alargues, Ana"

Para todas as Anas que, como eu, forem a Vila do Bispo, não pensem que esta é para vocês. O "não t'alargues, Ana" é uma expressão utilizada entre pescadores, já que estes tendem a "alargar" a quantidade de percebes que conseguiram realmente apanhar.