Se tem o hábito de deixar o carro em casa e apostar no serviço da Uber depois de uma noite de copos com os amigos, talvez seja melhor começar a pensar em novos planos. É que a plataforma está a desenvolver esforços para proteger condutores e utilizadores de outros que possam estar alcoolizados no momento de pedir um carro e, assim, perturbar uma viagem que se quer tranquila e segura.

A notícia surge pela CNN, a estação televisiva norte-americana, que descobriu o registo de uma patente pela multinacional tecnológica onde o objetivo é o de implementar, através de sistemas de inteligência artificial, ferramentas que sejam capazes de identificar o comportamento dos utilizadores muito antes de entrarem no carro que pediram.

O sistema vai registar não só o estado geral do utilizador, mas também a forma como este utiliza a aplicação no momento de pedir uma viagem.

Dados como a velocidade com que escreve, se troca palavras ao escrever, se é capaz de carregar nos botões do menu com precisão ou não, a velocidade com que andam na rua ou quantas vezes o telemóvel caiu num curto espaço de tempo, poderão ser indicadores de que o utilizador não cumpre os requisitos mínimos para poder entrar no carro.

Os condutores serão alertados do estado psicológico do cliente e poderão, se assim o entenderem, cancelar a viagem sem qualquer tipo de penalização para a sua avaliação ou rendimento ao final do mês. No entanto, o algoritmo também vai permitir que esses utilizadores mais problemáticos possam ser remetidos para condutores que tenham outro tipo de formação ou experiência em lidar com casos deste tipo.

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Apesar das possíveis vantagens que esta nova funcionalidade possa trazer, são muitos os críticos desta novidade. Foi ainda este ano que a CNN publicou uma reportagem onde concluiu que nos últimos quatro anos houve mais de 100 casos registados de agressão e violação por parte de condutores da Uber a utilizadores completamente alcoolizados.

A revista digital "The Verge" levanta a possibilidade de esta funcionalidade vir ser a usada com más intenções já que, teoricamente, poderia ajudar condutores a identificar utilizadores que não estivessem na posse de todas as suas capacidades com o intuito de causar danos físicos, psicológicos e morais.

A Uber não reagiu às críticas mas, tendo em conta que ainda se trata apenas de uma patente registada, a "The Verge" considera que ainda há espaço para melhorar o sistema e pensar em formas de proibir ou punir o uso abusivo da aplicação.