As mulheres que têm mais de dois filhos têm maior probabilidade de ter um ataque cardíaco. A conclusão é de um estudo realizado pelas universidades de Cambridge e da Carolina do Norte. Com base no historial clínico de 8.583 mulheres, e que dizem respeito a mais de três décadas, os resultados são claros: quem teve cinco ou mais filhos, tinha 38% mais probabilidades de ter um ataque de coração comparado com quem só deu à luz uma ou duas vezes.

Com idades compreendidas entre os 45 e 64 anos, o estudo concluiu ainda que as mulheres com cinco ou mais filhos tinham 25% mais hipóteses de ter um acidente vascular cerebral e 17% de sofrer com insuficiência cardíaca. As mulheres com três a quatro filhos tinham um aumento ligeiro de complicações de saúde.

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"O objetivo do meu estudo não é assustar as mulheres, mas chamar a atenção, o mais cedo possível, para o facto de elas poderem estar em maior risco de sofrer ataques cardíacos", explicou a investigadora Clare Oliver-Williams.

Oliver-Williams revelou à revista científica "IFLScience" que o estudo foi ajustado de acordo com vários outros fatores que afetam a saúde da mulher, como a idade, raça, localização, status socioeconómico, seguro de saúde, tabagismo, uso de pílulas anticoncepcionais, anos de vida reprodutiva e terapia de reposição hormonal. O modelo teve ainda em consideração a idade das mulheres na primeira gravidez e durante quanto tempo é que amamentaram — estudos anteriores encontraram uma relação entre amamentar e a melhoria da saúde cardiovascular das mães.

Embora não seja surpreendente que ter mais filhos possa significar que as mães têm menos tempo para cuidar da sua própria saúde, este estudo revela como é importante que todos fiquemos de olho na saúde do coração."

Há mais uma conclusão. De acordo com o estudo, e comparando com as mulheres que tiveram entre um a dois nados vivos, quem sofreu vários abortos espontâneos durante o período do estudo revelou 60% mais de probabilidades de ter uma doença cardíaca, e 45% mais de sofrer de insuficiência cardíaca. O estudo justifica estes dados com os problemas médicos subjacentes às complicações durante a gravidez, e o seu impacto na saúde cardiovascular.

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Uma das limitações do estudo prende-se com o facto de não se conseguir perceber se os problemas cardíacos advêm do número de gravidezes repetidas ou das exigências de criar os filhos. Ou das duas.

Durante a apresentação do estudo numa conferência realizada pela British Cardiovascular Society esta segunda-feira, 4 de junho, o médico Jeremy Pearson disse: "Embora não seja surpreendente que ter mais filhos possa significar que as mães têm menos tempo para cuidar da sua própria saúde, este estudo revela como é importante que todos fiquemos de olho na saúde do coração, principalmente os pais ocupados."