Depois do pedido de casamento, às vezes mais discreto, outras com muita pompa e circunstância, começa a verdadeira epopeia, o planeamento de um casamento, tarefa que é, geralmente, assumido quase na totalidade pelos noivos.

E se a procura do vestido e a escolha do destino de lua-de-mel são tarefas mais prazerosas, o mesmo não se pode dizer da elaboração da lista de convidados. Esta é uma das dores de cabeça de quem prepara a festa mas há outras que também atingem quem aceita o convite e se tem de sujeitar a várias regras de etiqueta.

Comecemos pelo rol de convidados. Há vários fatores a ter em conta, sendo o financeiro um dos mais importantes, mas também possíveis limitações de tamanho do espaço escolhido, famílias grandes de parte a parte em que nem todos os elementos são próximos dos noivos ou a grande questão de todos os convidados terem direito a levar acompanhante, independentemente da durabilidade das relações.

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Numa altura do ano em que está aberta a "época" dos casamentos, falámos com três mulheres, antigas noivas, que já passaram por este autêntico "tetris" de convites e duas wedding planners para perceber se existe alguma linha de conduta sobre quem deve ou não convidar para o seu casamento.

Famílias grandes são sinónimo de pesadelos logísticos

Andreia Santos tem 37 anos, é assessora jurídica e, apesar de ser filha única, a família da parte da mãe é bastante extensa, com dezenas de tios e primos. "Quando comecei a planear o meu casamento e me foquei na família da minha mãe, percebi que a lista era interminável", conta à MAGG. "Pensei nas minhas duas tias com quem tinha mais afinidade, número que tinha sempre de aumentar devido a já estarem casadas e com filhos, e lembrei-me que, a convidá-las, seria chato não estender o convite aos três irmãos delas, também meus tios, apesar de não ter uma relação com eles que fosse além da cordialidade."

Este pensamento de Andreia repetiu-se para todos os elementos da família que se lembrava — por cada tio ou primo que se recordasse que gostava de ter no seu casamento, lembrava-se imediatamente dos irmãos desses. "Quando terminei a lista, só desse lado da família, tinha quase uma centena de pessoas. Por mais que a minha tentativa fosse não ferir suscetibilidades, tive de fazer cortes", recorda Andreia.

"A decisão depende muito da dimensão que o casamento vai ter", explica Ana à MAGG, wedding planner e co-fundadora da Sublime Luxury Weddings. "Se for um evento intimista, diria que só deverão ser convidados os familiares com quem os noivos têm maior proximidade. Caso seja um casamento de média ou grande dimensão, já deverão ponderar a lista inteira de tios."

A wedding planner Carolina, também fundadora da Sublime Luxury Weddings, reforça que, "por vezes, o elemento financeiro entra nesta decisão, nomeadamente quando os pais dos noivos estão a contribuir, de forma parcial ou total, para o casamento. Neste caso, podem 'exigir' que alguns tios (e isto pode ser extensível a outros membros da família) que não são necessariamente tão próximos dos noivos sejam convidados, para haver coerência na lista de convidados."

No casamento de Andreia, os pais ajudaram com os custos, o que permitiu que a lista de convidados abrangesse elementos da família que não eram imprescíndiveis para os noivos.

Os colegas de trabalho devem ser convidados para o casamento?

Luísa Mariano tem 29 anos e trabalha como produtora de eventos. Conheceu o agora marido na empresa onde trabalhava, um ambiente com muitos colaboradores jovens, onde a relação cresceu junto de muitos outros casais que se foram formando.

"Quase que criámos ali uma família. Erámos muito próximos uns dos outros, principalmente os casais, saíamos juntos, passávamos fins de semana e férias em grupo", conta Luísa, que já tinha dificuldades em considerar essas pessoas colegas, dado que já eram amigos na verdadeira definição da palavra.

O problema surgiu quando os convites do casamento foram distríbuidos no local de trabalho e alguns colegas ficaram ofendidos por não fazerem parte da lista de convidados. "É óbvio que os meus outros colegas sabiam que existia um grupo mais próximo, mas isso não quer dizer que não nos déssemos bem com outras pessoas. Podiam não fazer parte dos jantares aos fins de semana mas almoçávamos juntos, falávamos de coisas mais pessoais e admito que, ao longo dos meses de preparação, é bem possível que eu ou o meu marido tenhamos falado dos preparativos do casamento à frente deles, não era propriamente um segredo", recorda Luísa, que devido a motivos financeiros mas também de ligação afetiva, acabou por não convidar os colegas de trabalho fora do grupo mais íntimo.

A wedding planner Ana explica que os convites aos colegas de trabalho devem ser decididos consoante a relação destes com os noivos. "É importante distinguir se, para além de uma relação de cordialidade e de se darem bem, existe para além disso uma amizade, ao ponto de terem existido muitas conversas de partilha de informação acerca dos preparativos para o casamento. Os colegas com quem esta relação de amizade existe, deverão ser incluídos. Tudo o resto, já é acessório."

Namorados ou casados? Eis a questão

Faltava um mês para o casamento de Joana e Rodrigo quando a noiva foi confrontada com o pedido de dois amigos. "A poucas semanas do meu casamento, no espaço de poucos dias, dois dos nossos amigos pediram-me para levar as namoradas. Eram namoros recentes, eu nem sequer as conhecia e tinha as mesas fechadas", conta a designer de 33 anos.

Com o casamento mesmo à porta, Joana acabou por recusar o pedido dos amigos. "Expliquei que nem sequer conhecia as pessoas em questão e que me perdoassem, mas sendo relações tão iniciais, não fazia sentido estarem no meu casamento. Ironicamente, ambas as relações se mantiveram e hoje são ambos casados com essas pessoas, uma delas agora até é minha amiga", recorda Joana, com humor.

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A situação de Joana não é inédita. Devemos riscar parceiros que não conhecemos da lista de convidados? Mas esta regra aplica-se a namoros ou também a casamentos? Ana explica que tudo depende da natureza da relação.

"Se o casal tem um relacionamento assumido, seja um casamento ou um namoro, se o amigo/a em questão tiver apresentado alguém como namorado/a, o convite deverá ser dirigido aos dois", explica a representante da Sublime Luxury Weddings, que acrescenta que, depois de enderaçado o convite, deverão deixar a decisão de levar ou não acompanhante ao convidado.

Exceções aplicam-se quando falamos de casamentos mais pequenos, intimistas, com poucas dezenas de pessoas, sendo aí possível que os namorados e parceiros que não tenham uma relação direta com os noivos sejam deixados de fora.

"No Reino Unido e nos Estados Unidos é comum, em casamentos que são assumidamente eventos íntimos, não incluírem o 'plus one', o que tem vindo a ser um tópico de grande discussão. É uma conversa que os noivos devem ter para que as pessoas de quem mais gostam estejam presentes no seu dia de casamento e, atrever-me-ia a dizer que, como em qualquer evento, tem que haver consideração e cortesia quando se elabora a lista de convidados", salienta Carolina, wedding planner.

Outras regras de um casamento: os sins e nãos da etiqueta

Existem outras regras a ter em conta para além de quem se deve ou não convidar. E estas devem ser seguidas pelos convidados. Não se entregam envelopes vazios, o branco e o preto estão proibidos para as mulheres e ninguém deve chegar depois da noiva — estas são as regras de etiqueta mais reconhecidas no que diz respeito a cerimónias de casamentos, mas será que estão certas ou serão as únicas?

É um facto que muitos de nós já não vivem sem o seu smartphone. São as redes sociais, as aplicações, as diversas edições à mais simples fotografia e, quando damos por nós, andamos constantemente de nariz enfiado nos ecrãs destes aparelhos.

Numa ocasião especial como um casamento, existem algumas regras de conduta em relação aos telemóveis que deve seguir. E, já agora, sugerimos que aproveite a festa e deixe o Instagram para depois.

Evite tirar fotografias durante a cerimónia. Por regra, existe um fotógrafo profissional que se encarrega dessa tarefa. Aproveite o momento e mantenha o seu telemóvel no bolso ou na mala, no modo silêncio.

Não utilize o telemóvel à mesa. Durante a refeição, o uso do telemóvel não é aceitável. Tente conviver com quem está na sua mesa e, mesmo que não esteja sentado com pessoas que conheça bem, faça um esforço.

Cuidado com as redes sociais. As fotos mais divertidas são aquelas tiradas durante a festa, quando todos se estão a divertir. Mas não publique nada nas redes sociais sem a autorização das pessoas que estão nas fotos.

Segundo o portal internacional Zankyou, uma plataforma de casamento presente em 23 países com mais de 50 milhões de visitas anuais, existem várias regras a cumprir, do protocolo das mesas até ao que vestir. Se tem um casamento nos próximos meses, recorde as seguintes diretrizes.

Vestidos das convidadas: o branco está reservado para a noiva, logo completamente proibído para qualquer outra convidada (exceto para as meninas das alianças). Tons muito próximos desta cor, como o marfim ou o cru, também não devem ser utilizados. A única exceção é no caso de os noivos terem um dress code em que indiquem especificamente que querem que todos os convidados usem esta cor ou se o casamento for na praia.

O vermelho também não é recomendável. Dado que se trata de uma cor associada à sedução e conhecida como a cor da paixão, é entendido como uma cor provocatória e ligada à tentação. No contexto de casamento, só deve ser usada pela mãe ou irmãs do noivo.

Os chapéus só são indicados para o dia e os vestidos compridos são mais habituais em festas à noite. Em relação ao preto, também se trata de uma cor duvidosa. Dado que o casamento é um dia de festa, de alegria e de luz, o preto é o inverso e, segundo as tradições mais antigas, quem usa preto num casamento está a marcar uma posição contra o evento, sobretudo se for alguém próximo dos noivos, como a madrinha ou mãe.

No entanto, este é um hábito que caiu um pouco em desuso, sendo já algo habitual ver convidados mais afastados dos noivos usar esta cor. É também aceite em casamentos ao entardecer ou à noite, exceto para as madrinhas, que não a podem usar de todo.

Presentes de casamento: nos dias de hoje, em que muitas pessoas já dividem casa mesmo antes de casar, cada vez são menos comuns as listas de casamento. Existem listas em agências de viagens para a lua-de-mel dos noivos, em que os convidados podem colocar uma quantia à escolha, ou podem oferecer um valor monetário diretamente, seja através de uma transferência ainda antes da cerimónia (caso os noivos expressem esse desejo no convite e cedam o IBAN) ou nos tradicionais envelopes.

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Caso não exista lista em qualquer loja ou agência, nem nada indicado no convite, deve oferecer uma quantia em dinheiro que, em termos protocolares, deve ser proporcional ao número de pessoas que os noivos indicam no convite (e deve entregar o envelope durante a receção, de preferência entre o final da refeição e o início da festa). No entanto, caso queira oferecer um presente em vez de dinheiro, e na ausência de lista, deve contactar os padrinhos, os pais dos noivos e apenas em última instância, os noivos.

Onde se sentar (na igreja e na receção): segundo a etiqueta de casamento, os convidados devem chegar pelo menos 20 minutos antes da hora marcada e, caso cheguem atrasados, devem sentar-se com a maior discrição ao fundo da sala. Tradicionalmente, os convidados da noiva sentam-se à esquerda e os do noivo à direita.

Também de acordo com as regras, a noiva é sempre a última a entrar na igreja, em direção ao altar onde estão os padrinhos e o noivo, que a recebe com o braço esquerdo. Já no copo-d'água, os convidados deverão sentar-se na mesa que lhes foi atribuída, embora os lugares na mesa não devam ser marcados individualmente.

Protocolarmente, a mesa dos noivos deve ser composta por estes e pelos padrinhos e madrinhas de cada um, embora existam muitas pessoas que prefiram sentar-se com os pais. Recentemente, também existem casais que optam por uma mesa de noivos apenas para duas pessoas, evitando ferir suscetibilidades.

O momento do bolo: o bolo de casamento corta-se após a refeição e depois dos discursos dos pais dos noivos, padrinhos e dos próprios noivos. Manda a etiqueta de casamento que o corte da primeira fatia seja feita em conjunto, com a mão direita do noivo sobreposta sobre a mão direita da noiva. De seguida, a noiva leva um pouco de bolo à boca do noivo, ficando a restante fatia para ela.