Nunca na minha vida pensei vir um dia a escrever sobre almofadas. Envelhecer tem destas coisas engraçadas: há um ou dois anos, ria-me com as histórias mirabolantes de uma amiga que desesperava porque todas as almofadas lhe davam cabo do pescoço e das costas. E eu ria-me, sim, ria-me, porque tinha (e ainda tenho) duas almofadas compradas na loja do chinês há mais de dez anos. E nunca tinha tido nenhum problema de pescoço.

Sim, sim, eu sei que só tenho 29 anos, no entanto a cabeleireira já me descobre cabelos brancos, as borbulhas não me largam (o acne na idade adulta é real e tramado) e se comer demasiado ao jantar é certo e sabido que vou passar mal a noite. Outra coisa curiosa é que continuo com essas mesmas duas almofadas porque, bem, tenho problemas em aceitar que envelheci. Infelizmente elas estão lenta e dolorosamente a dar-me cabo do pescoço.

Permitam-me explicar de onde vem esta partilha excessiva de informação sobre a minha idade, saúde e, em particular, almofadas. Chegar ao Puralã — Wool Valley Hotel & SPA, situado à entrada da Covilhã, foi uma experiência fantástica a vários níveis. Da simpatia dos funcionários aos restaurantes sempre cheios, da decoração à massagem da lã. Sim, houve muitas coisas sensacionais, e teremos tempo para falar sobre todas elas. Só que é pelas almofadas que quero começar.

Deitar a cabeça nas almofadas do Puralã foi como enterrar a cabeça numa nuvem. Está bem, as nuvens não são sólidas, mas vamos imaginar que eu era um desenho animado e a minha almofada uma nuvem. Ela sorriu-me, eu sorri-lhe de volta, ela abraçou-me, eu jurei que nunca mais me iria embora. Tive de ir, infelizmente. E a saudade ficou.

Mas vamos continuar a recordar os bons momentos. Havia seis almofadas em cima da cama, três para cada pessoa: uma de decoração (linda); outra mais pequena e mais dura (perfeita para ler); e outra maior e muito mais fofinha (a minha querida nuvem). Recordo-as com alguma tristeza, admito, porque durante todo o tempo que estivemos juntas, senti que havia ali uma química especial — daquelas difíceis de encontrar e a que temos de chamar amor. Saudades, almofadas. Saudades.

O que pode encontrar no Puralã

O Puralã — Wool Valley Hotel & SPA resulta da recuperação do antigo Hotel Turismo da Covilhã. Bem, talvez recuperação não seja a palavra mais indicada — estava tudo diferente quando o hotel reabriu em dezembro de 2016. Com um total de 100 quartos, incluindo dez suites, o espaço tem um restaurante com refeições buffet e à carta, tanto aos almoços como aos jantares. Há ainda um bar onde se servem queijos, vinhos e petiscos, salas de reuniões e de jogos, e uma pequena loja junto à receção com produtos da região.

Terminámos? Não, falta-nos falar do Natura Clube & Spa. Ele inclui a piscina interior, ginásio, sauna e jacuzzi. Há ainda salas de tratamentos, squash e uma piscina exterior rodeada por um bonito jardim.

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Inspirado na história da Covilhã, em particular na lã e os lanifícios, a decoração pensada pelo designer e decorador de interiores Vasco Fazendeiro Pinho está cheia de pequenos apontamentos que explicam exatamente onde estamos. E porque desde o início o Puralã — Wool Valley Hotel & SPA quis ser um ponto de partida para conhecer a região, há ainda uma série de roteiros para os hóspedes. Elaborados por guias, mas disponíveis para partir a solo, há de tudo um pouco — desde a arte urbana da Covilhã (existe, e inclui uma obra de Bordalo II e um mural de Vhils) até aos melhores sítios para tirar selfies.

O melhor e o pior do Puralã

Não é muito habitual ver um restaurante de hotel sempre cheio, sobretudo quando estamos tão perto do centro da cidade. Mas é assim no Puralã, e há uma razão para isso: a comida é maravilhosa. Tanto ao almoço como ao jantar pode optar pelo buffet (16,50€, sem bebidas) ou pela carta (preço médio de 20€, sem bebidas).

A ementa do buffet muda todos os dias, por isso é difícil destacar um prato. De qualquer forma há sempre uma ou duas entradas, duas opções de peixe e de carne, várias opções de saladas e pelo menos quatro de sobremesas. Não houve um único prato que se destacasse pela negativa. Como boas memórias ficou o rosbife e a panna cotta.

Na carta, a recomendação vai para o pastel de molho da Covilhã com caldo aromático de rabo de boi e açafrão (5,50€) como entrada, que tem um aspeto um pouco estranho — com o caldo parece quase uma sopa — mas é absolutamente delicioso.

Morada: Alameda Pêro da Covilhã, 16, Covilhã
Telefone: 275 330 400

Nos pratos principais, o angus de Idanha na tábua com batata rústica e salada de abacate, tomate e queijo de cabra curado (16€) e o cabrito serrano grelhado com arroz de carqueja (14,50€) eram ótimos.

O pequeno-almoço também não desilude. Além de bastante completo, tem uns croissants de sementes maravilhosos, várias opções de pão e bolos e umas compotas caseiras deliciosas. Vale a pena dizer ainda que há sempre (mas sempre) opções saudáveis, devidamente identificadas como a escolha da nutricionista. De resto, críticas só mesmo para o sumo de laranja com demasiada água, e os ovos que poderiam estar um bocadinho mais saborosos.

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Já falámos das almofadas e da comida, vamos falar agora dos funcionários. Não gosto muito de abordar este tópico numa crítica quando o convite foi feito pelo hotel — a simpatia é sempre um pouco relativa. Só que neste caso em particular a minha opinião vai ao encontro do que muitos hóspedes antes de mim salientaram como o mais positivo na estadia. Eles são, de facto, uns amores. Sem cair na falsidade, eles são prestáveis e atenciosos. Mais do que isso, fazem-nos sentir em casa. E isso é o mais importante.

A piscina interior também é bastante simpática, completamente envidraçada e com vista para o jardim. Apesar de estarmos numa zona urbana, esta área está bastante protegida com vegetação alta e verde. O jacuzzi mesmo ao lado da piscina é uma boa opção para não ficar aborrecido entre mergulhos e as espreguiçadeiras.

Lá fora fica a piscina exterior, ainda fechada. Pareceu-me um pouco pequena, no entanto esse "problema" é capaz de deixar de o ser uma vez que está mesmo ao lado da piscina interior. Basta atravessar a porta envidraçada e escolher a que tiver menos gente.

E já só falta destacar a massagem. O Puralã tem dois tratamentos exclusivos do hotel: o Ritual da Lã (70€, 1h20) e a Massagem da Lã (55€, 50 minutos). Experimentámos o segundo cheios de dúvidas e anseios. Como é que funciona exatamente uma massagem de lã? Vão atirar-me com novelos? Não necessariamente. Mas a lã está lá, e é extremamente reconfortante vê-la a deslizar pelo corpo juntamente com um óleo quente à base de azeite virgem extra. Além de relaxante, a pele ficou mais suave e hidratada. Vale a pena.

Os preços por noite variam entre 60€ e 150€ para duas pessoas, com pequeno-almoço incluído.

*A MAGG ficou alojada a convite do Puralã

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