Foi em março do ano passado que "Por Treze Razões" chegou à Netflix. Um mês depois da estreia, não só era a série mais comentada no Twitter, como foi também a mais pesquisada no Google. Apesar do sucesso, a produção original da plataforma de streaming viu-se envolvida em polémica depois de ser acusada de violência gratuita e de romancear a questão do suicídio nos jovens.

Seja como for, a série foi um sucesso e era expectável um regresso com novas personagens e novos dilemas. A segunda temporada tem estreia marcada para sexta-feira, 18 de maio, e promete reacender o debate em torno de temas tão sensíveis como o bullying, o suicídio e a violência entre os mais novos.

Mas caso não se lembre de tudo aquilo que aconteceu na primeira temporada — e olhe que aconteceu muita coisa — a MAGG faz-lhe um resumo para que se possa organizar para uma sessão de maratona na Netflix. Mas olhe que já não tem muito tempo para se preparar.

“Olá, sou a Hannah. Hannah Baker. Não ajustes o teu… o que for que estiveres a usar para ouvir isto. Sou eu, ao vivo e em estéreo. Sem compromissos, sem bis, e desta vez sem qualquer pedido. Faz um lanche. Põe-te confortável. Porque vou contar-te a história da minha vida ou, mais especificamente, por que razão a minha vida acabou. E se estiveres a ouvir esta cassete, é porque tu és uma das razões.”

É assim que começa o primeiro episódio da série onde Hannah Baker, interpretada por Katherine Langford, se apresenta aos espectadores e ao seu melhor amigo, Clay Jensen (Dylan Minnette). A série conta a história da personagem que, após vários meses de abuso físico e psicológico, decidiu pôr termo à vida sem antes gravar 13 cassetes de despedida a identificar os responsáveis pela sua morte.

Os restantes episódios mostram não só os motivos que levaram Hannah a suicidar-se, como acompanham também as reações dos colegas que tentam regressar à normalidade das suas vidas após um acontecimento tão trágico no qual, viríamos a saber mais tarde, quase todos estavam envolvidos.

Apesar de serem várias as situações de abuso a que a personagem está sujeita ao longo de toda a série, é com a última cassete que se conhece aquele que é talvez o acontecimento chave para o desfecho trágico da personagem. Em jeito de flashback, esta procura ajuda junto do psicólogo da escola, Mr. Porter (Derek Luke), depois de ter sido violada por um dos colegas numa festa de amigos.

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Ao expor a situação ao psicólogo, Porter recomenda que Hannah siga em frente com a sua vida e esqueça o que aconteceu. Desiludida com o conselho, a aluna sai do escritório e a meio do corredor faz um compasso de espera na esperança de que este venha atrás de si e a reconforte. Ao ver que nem ele lhe reconhece credibilidade, decide regressar a casa, gravar as cassetes e cortar os pulsos dentro da banheira de casa — onde mais tarde viria a ser encontrada pelos pais.

Toda a história é contada através da perspetiva de Clay que ouve, pela primeira vez, as cassetes da amiga. E embora também ele tenha uma cassete dedicada em seu nome, Hannah não nega que o amigo foi a única boa influência nos últimos meses de vida dela — e que só pecou por ter ido embora quando ela o afastou durante uma troca de beijos intensa (por não conseguir ultrapassar o facto de ter sido violada antes).

"Clay, o teu nome não pertence nesta lista. Mas preciso de te identificar se vou contar a minha história e explicar porque fiz o que fiz. Porque tu não és como os outros rapazes — és diferente. És bom, querido e decente. E eu não merecia estar com alguém como tu. Ter-te-ia arruinado. A culpa foi minha e de tudo o que aconteceu comigo.", ouve-se na cassete.

Impotente e frustrado, Clay confronta todos aqueles que direta ou indiretamente estiveram envolvidos no suicídio de Hannah — e isto tem tudo para correr mal quando chega à cassete de Bryce (Justin Prentice), o típico miúdo popular da escola que, na verdade é também um dos grandes vilões da história.

Bryce Walker é um dos capitães da equipa de futebol que, por se achar o máximo, acredita que todas as raparigas lhe pertencem. É também por isso que de todas as razões apresentadas para a morte de Hannah, as ações de Bryce são as mais graves. Além de revelar a violação de Hannah, as cassetes mostram que esta não foi a primeira e, muito possivelmente, não será a sua última vítima.

Jéssica (Alisha Boe), uma das personagens principais e amiga próxima de Hannah, foi também violada por Bryce que, quando confrontado por Clay depois de ouvir as cassetes, não mostra remorsos e não identifica as suas ações como violações.

"Se o que fiz foi violar alguém, então todas as raparigas desta escola querem ser violadas por mim", justifica-se, dizendo que os avanços que fez sobre Hannah foram naturais e decorreram do interesse da aluna em se relacionar com ele — o que era completamente falso.

As novidades da segunda temporada de "Por Treze Razões"
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Pelo meio da ação descobre-se que há mais alunos envolvidos. Há um stalker com uma câmara fotográfica que segue Hannah para todo o lado e compromete o seu direito à privacidade, há alunas que a excluem do grupo de amigos por ela ser diferente, há um ex-namorado que — furioso com o término da relação — espalha rumores sobre ela, e até há um aluno que a convida para um encontro com o único propósito de a humilhar em frente aos colegas.

Enquanto todas estas revelações vão acontecendo, episódio a episódio, são os pais de Hannah que procuram respostas acerca da morte da filha. A temporada acaba com Clay a dar as cassetes aos pais da amiga, e espera-se que na próxima temporada sejam eles a estar no centro da ação e a acionar todos os meios legais que estejam ao seu alcance para levar à justiça todos os responsáveis pela morte da filha.

A segunda temporada de "Por Treze Razões" promete o regresso de Hannah (desta vez enquanto alucinação de Clay — cujo estado mental se tem vindo a deteriorar desde os primeiros episódios), e a revelação de novos segredos. É que, aparentemente, o suicídio de Hannah Baker não foi o único naquela escola, e tudo será revelado através de uma nova tecnologia: fotografias de máquinas Polaroid.

A série original da Netflix é baseada no livro com o mesmo nome do escritor Jay Asher, e conta com a realização e produção de Brian Yorkey e Selena Gomez.