Cheio, italiana, em chávena escaldada, duplo ou sem princípio. Serão poucos os países com tanta imaginação para beber um simples café quanto Portugal.

No entanto, mais recentemente, parece que toda essa habilidade criativa se resume ao gesto prático de pôr uma cápsula na máquina, carregar no botão e esperar pela dose certa.

. Acha que somos grandes consumidores de café? Desengane-se. Se a Finlândia, que está no número um a nível mundial, tem um consumo per capita de 12 quilos por ano, Portugal fica-se pelos 4,3 quilos.

. O café é a segunda bebida mais consumida no mundo, perdendo apenas para a água.

. Portugal é o único país da Europa a produzir café. Na fajã dos Vimes, na ilha de S. Jorge, Açores, Manuel Nunes produz café biológico, num negócio que, apesar de familiar, atrai turistas de todo o mundo.

. A eterna dúvida: qual tem mais cafeína, o café curto ou o cheio? É a passagem da água pelo café moído que arrasta os elementos químicos do café, entre eles a cafeína. Assim, se a ideia é ficar acordado, o melhor é optar pelo café cheio.

. O primeiro descafeinado do mundo foi feito quando, por acidente, os grãos de café ficaram embebidos em água salgada, processo que levou à extração da cafeína. O processo industrializou-se e, em vez de água salgada, é muitas vezes usado benzeno para retirar a cafeína, um químico que, mesmo em pequenas quantidades pode causar sonolência, tonturas, dores de cabeça, irritação nos olhos e na pele e dificuldades respiratórias. A solução é optar por um café mais fraco ou espreitar os rótulos e procurar o selo orgânico, que proíbe o uso de pesticidas e solventes químicos durante o processo

A tecnologia das cápsulas veio revolucionar o mercado do café em todo o mundo e Portugal não escapou à onda. Só em 2017, os portugueses consumiram 780 milhões de cápsulas, o que corresponde a um crescimento de 11% em relação a 2016, altura em que o número —701 milhões — já impunha respeito.

Este consumo em crescimento reflete-se nos números. Dados da Nielsen, uma empresa de análise de dados, fornecidos à MAGG, revelam que nos últimos doze meses, os portugueses gastaram 253 milhões de euros em café torrado. Deste valor, 79% corresponde a cápsulas, ou seja, cerca de 200 milhões de euros. A restante percentagem é dividida pelos outros tipos de café torrado, em grão, moído, ou pastilhas.

Já um estudo da Marktest, divulgado também esta semana, faz as contas de forma a dar mais pormenores sobre o tipo de consumidor.

O estudo revela que 5 milhões de portugueses consomem em casa café em cápsulas, o que corresponde a quase 60% dos residentes no continente com 15 e mais anos. Esta forma de tomar café é mais escolhida por pessoas de classes mais elevadas (64,7%) e é na Grande Lisboa que há mais probabilidade de encontrarmos consumidores de café em cápsulas.