Tudo começou com a inofensiva planta camelita sativa, geneticamente editada para que a partir dela fosse produzido óleo de ómega 3 melhorado. Depois passamos para um cogumelo que não escurecia tão rapidamente ou para uma variante da soja que passou a ser resistente à seca.

Aos poucos, a comida geneticamente modificada deixa de ser pensada como argumento de filme de ficção científica para estar cada vez mais próxima de vir a encher as prateleiras dos supermercados.

O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA, sigla em inglês) tem vindo a autorizar este tipo de experiências, uma vez que não é feita exatamente uma modificação genética. Uma vez que não foi adicionado ADN novo, é apenas uma alteração ao original. No caso do cogumelo, por exemplo, foi apenas retirada a proteína que faz que, com o tempo, o cogumelo branco acabe por escurecer.

Os cientistas envolvidos nestas investigações argumentam que ao usarem o método CRISPR (uma sigla com demasiadas consoantes para ser de fácil leitura e que nem descodificada; Repetições Palindrómicas Curtas Agrupadas e Regularmente Interespaçadas, se se torna mais fácil de assimilar) se distanciam dos transgénicos que tanto têm assustado o mundo. Neste caso, há uma edição, substituição ou exclusão da sequência genética dentro de um organismo e não uma modificação feita de raiz.

Explicar o processo pode não ser fácil mas a sua execução leva o cunho de aprovação da USDA, que já autorizou experiências nos Estados Unidos, Reino Unido e Espanha.

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A Genus Breeding está a usar a CRISPR em embriões de animais para criar porcos e vacas mais saudáveis a um ritmo mais rápido, no Instituto de Agricultura Sustentável espanhol está a ser desenvolvido um tipo de trigo que seja seguro para celíacos e a startup Caribou Biosciences trabalha diretamente com essas empresas para que esta carne estes cereais cheguem rapidamente aos supermercados.

É seguro?

Não só é seguro como se faz há dezenas de anos, ainda que no sentido mais tradicional do conceito. Sabia que as primeiras cenouras de que há registo eram brancas ou roxas e cheias de ramificação e que as bananas tinham sementes duras no interior? Numa era mais moderna, basta uma visita rápida ao mercado do Funchal para ver coisas como tomate-maçã, banana-ananás ou marcujá-limão, cuja estranheza do primeiro impacto se dissipa a cada trinca.

A diferença aqui está nas técnicas mais avançadas que, não só tornam infinitas as possibilidades, como reduzem o tempo de produção em centenas de anos, ainda mais agora com a aprovação da USDA. "Tudo isso elimina uma enorme barreira criada à entrada da biotecnologia na alimentação", lembra Oliver Peoples, CEO da Yeld10 Bioscience, a empresa que trabalhou a camelia. Caso a empresa tivesse que sido forçada a suportar o processo normal de regulação para os alimentos geneticamente modificados, teria levado pelo menos seis anos e quase 41 milhões de euros para testar e ter o produto em condições de ser comercializado.

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Ainda em defesa desta técnica, é sempre bom lembrar que o objetivo não é (apenas) criar a maçã mais vermelha do mercado ou a laranja mais sumarenta. Falamos aqui de uma população mundial que se estima que chegue aos quase 10 mil milhões em 2050.

A DuPont, empresa prestes a lançar para o mercado uma espécie de milho, também ele alterado, acredita que a CRISPR será a solução agrícola que o mundo precisa. "As plantas estão sob constante stresse devido às mudanças climáticas", diz o responsável Roger Theisen, um dos responsáveis pelo projeto. "Isso, combinado com o rápido crescimento populacional e mudanças nas dietas, exige inovação agrícola constante que mantenha o ritmo de produção".

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