Estou longe de ser uma hotel expert, mas a verdade é que já lá vão alguns anos disto. Depois de quase cinco anos a escrever sobre hotelaria, coleciono histórias de discussões com chuveiros, manchas duvidosas em cortinas e chamadas para a receção porque me perdi no resort. Também passei por momentos embaraçosos, como ligar para uma amiga no balneário de um spa porque o massagista tinha-me dito para me despir — era a minha primeira massagem, dêem-me um desconto.

Pois é, já me enterrei em camas maravilhosas cobertas de pilhas e pilhas de almofadas, experimentei pratos incríveis e fui chamada doutora Marta cinquenta vezes na mesma frase. Mais ou menos na mesma quantidade, estive quase para ser assaltada à porta de um hotel e adormeci cheia de medo de ser esfaqueada a meio da noite — estava a partilhar um quarto num hostel com um hóspede de aspeto duvidoso. A sério, nunca mais me esqueci da cara dele.

Tenho dezenas de histórias que poderia partilhar sobre as minhas aventuras em hotéis. Mas esta crónica não é sobre isso — pronto, também é um bocadinho, mas já lá vamos. Este texto é sobre o que me irrita nos hotéis. Vou mais longe: sobre o que eu odeio nos hotéis. Se eu adoro dormir em hotéis? Sim. Se o meu sonho é viver num hotel? Podem crer que sim. Se há 12 coisas que eu mudaria na hotelaria? Não tenham dúvidas.

1. As luzes

Ainda estou para conseguir dormir num hotel onde consiga apagar todas as luzes à primeira. É por aqui que começo: não há nada mais irritante do que a dança interminável com os interruptores, que às vezes se torna num autêntico escape room de onde, bem, nem sempre conseguimos escapar. Não me lembro em que hotel aconteceu isto, mas recordo-me de uma situação em que estive dez minutos a tentar apagar as luzes todas para ir dormir. Acabei por desistir e fui arrancar as fichas de todas as tomadas que encontrei.

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Este problema dramático tem uma solução: querem continuar a complicar o sistema de iluminação do quarto? Tudo bem. Façam-nos apenas um favor, a mim e a todos os hóspedes que um dia se digladiaram com os interruptores: criem um botão de emergência. Vermelho, grande, mesmo ao lado da cabeceira da cama. Funcionaria mais ou menos como um botão de pânico: quando os hóspedes entrassem em pânico porque não conseguiam apagar as luzes, aquele botão tratava do assunto.

2. O ar condicionado

Conto pelos dedos de uma preguiça-de-três-dedos as vezes em que aumentei o ar condicionado do quarto e de facto senti uma diferença na temperatura. Infelizmente, a quantidade de discussões que já tive com o comando a tentar aumentar ou diminuir os graus centígrados é incontável. Senhores hoteleiros, está na altura de simplificarem o sistema. E quando isso não acontece, um livrinho de instruções não era má ideia.

Ainda não acabei: sabiam que em muitos hotéis o ar condicionado é uma falácia? Pois é, descobri isto num cinco estrelas em Lisboa. Muitas unidades optam por colocar um valor máximo e mínimo na temperatura dos quartos, para evitar gastos energéticos desnecessários. Faz sentido, mas vá lá, sejam honestos — não deixem que o painel indique os 28 graus quando na verdade o sistema não vai além dos 23.

3. Arte com toalhas (ou pijamas)

12 coisas que eu odeio nos hotéis

Toalhas em forma de cisnes, elefantes, girafas ou qualquer outro animal. Felizmente não são muitos os hotéis que ainda fazem isto (a moda morreu pelos anos 90), no entanto ainda há os resistentes. Lembro-me de um hotel no Algarve onde deixei o pijama em cima da cama. Quando cheguei, estava artisticamente arrumado em cima da cama. Deixo-vos uma fotografia desta obra de arte.

4. Horários, horários, horários

É inacreditável que os hotéis continuem obcecados em controlar as nossas vidas quando tudo aquilo que nós queremos é descansar. Começo pelo pequeno-almoço: a grande maioria dos espaços impinge como limite as 10h30. Na loucura, 11 horas. Meus senhores, isto não faz qualquer sentido. A última coisa que eu quero em férias ou numa escapadinha de fim de semana é colocar despertadores. No entanto, é sempre isso que faço com medo de perder a hora do pequeno-almoço. Eu percebo que vos dificulta a vida por questões logísticas. Mas pelo menos até às 12 horas. Por favor?

Outro aspeto em relação às horas é o check-in e check-out. Começo pelo segundo porque é aquele que até tolero melhor — tudo bem, é necessário preparar o quarto para o próximo hóspede, mas vá, não sejamos hipócritas. A maioria dos hotéis obriga à saída do quarto até às 12 horas. Regra geral o próximo hóspede só entra às 15 horas. Vão dizer-me que não podiam estender mais um bocadinho a hora de check-out?

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Quanto ao check-in, bem, esse é que me tira mesmo do sério. Para quem está de férias, entrar cedo no hotel faz parte — queremos aproveitar ao máximo o espaço, portanto estamos lá assim que nos deixarem. Isso já não é assim para quem vai numa escapadinha de fim de semana e entra numa sexta-feira. Desculpem lá se saí tarde do trabalho. Desculpem lá se apanhei trânsito. Desculpem lá se cheguei cinco minutos atrasada apesar de ter devorado um hambúrguer a conduzir com medo de bater com o nariz da porta.

5. Pétalas de rosa espalhadas pela cama.

12 coisas que eu odeio nos hotéis

Não vou comentar isto. Acho que está tudo dito.

6. Poucos canais de televisão

Acho que é uma praga comum em muitos dos espaços de alojamento, incluíndo nos grandes cinco estrelas. Vá lá. A minha vida vai além dos canais generalistas e FOX Life. Nada contra nenhum deles, mas quero canais de cinema. Quero os canais História e Discovery desta vida. E nem se atrevam a tirar-me o TLC ou a MTV. Se em casa eu não vejo televisão, nos hotéis quero ver trash tv.

7. Carpetes

A moda das carpetes morreu há umas décadas, senhores. E sabem que mais? Nunca deveria ter existido. É pouco higiénico, acumula lixo e pó e deixa-me nauseada de cada vez que tenho de andar descalça pelo quarto. Curiosamente, há uma conta de Instagram dedicada só a fotografar carpetes de hotéis. Chama-se My Hotel Carpet e, mesmo sem ser esse o objetivo, é o exemplo perfeito de como estas meninas só são bonitas numa rede social.

O meu lado hipocondríaco desperta em situações como estas. Conseguem imaginar a quantidade de pés que passearam por aquele mesmo tecido felpudo que estou a tocar? Eu consigo. E são sempre imagens do demónio.

8. Passwords para o wi-fi

A última viagem que fiz foi até Israel. O destino surpreendeu-me de várias maneiras, sendo que uma delas foi as redes de wi-fi abertas em literalmente todo o lado. Desde as lojas até aos cafés, sem esquecer os hotéis ou os bares, tinham todos redes abertas, livres de passwords. Nunca tive que me preocupar com a falta de Internet.

Alguns hotéis já disponibilizam redes abertas. E é assim que deve ser. Ninguém tem paciência para ligar para a receção porque no check-in se esqueceram de dar a passe para o wi-fi. Já agora, nem vou colocar aqui os espaços que cobram pela internet. Nem sequer vou considerar a vossa existência, lamento.

9. Cabides à prova de roubo

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Nunca tive vontade de roubar um cabide, mas quando vejo estes monstrinhos dentro do armário tenho uma enorme vontade de o fazer. O que raio é que estão a insinuar? Também querem colar os candeeiros à mesa de cabeceira ou colocar um cadeado nos lençóis? Sinto que me estão a chamar ladra. E ainda por cima uma ladra reles, que roubaria algo tão insignificante como um cabide. Se eu quiser orquestrar um crime, será qualquer coisa do género "A Casa de Papel", ok?

Uma vez que estamos neste tema, gostaria de sugerir que colocassem mais do que três cabides num armário. Eu percebo que os roubos em série de cabides sejam um drama real nas vossas vidas, mas não é muito prático pendurar a roupa toda em três míseros cabides.

10. Os preços do minibar

A falta de vergonha de cobrar 4€ por uma lata de Coca-Cola tira-me sempre do sério. Assim como cobrar 12€ por uma tosta ou 7€ por uma fatia de bolo de chocolate. Eu percebo que os preços tenham de ser mais elevados. Só não precisam de ser estupidamente mais elevados.

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11. Os chuveiros

É impressão minha ou os chuveiros estão a ficar cada vez mais complicados? Recordo-me de uma situação num hotel de três estrelas que tinha tantos botões que acabei a levar com jatos de água gelada de cima e dos lados. Estava a tremer e a pingar quando consegui finalmente perceber como é que aquilo funcionava. Já no último hotel onde estive nunca cheguei sequer a perceber como é que ligava o chuveiro de mão. Não vamos tornar algo tão agradável como um banho numa experiência digna de um filme do Michael Bay, ok?

12. Almofadas a mais

Recordo-me de um hotel onde criei uma autêntica estrada de almofadas pelo quarto. Não vamos perder a cabeça, está bem? Toda a gente adora almofadas, mas não precisamos de exagerar. Muito menos quando mais de metade foram feitas só para enfeitar.