O simples ato de chegar a casa, acender uma vela e ver aquela pequena luz a iluminar um canto de uma divisão é tão natural quanto parece inofensivo. Mas pode não o ser. Muitas velas convencionais contêm parafina, um subproduto do petróleo, que ao ser queimado liberta substâncias cancerígenas, como tolueno e benzeno, presentes no fumo do tabaco. Mas nada disto acontece com as velas vegan, sustentáveis e feitas a partir de cera de coco da Nidore Candle Studio.

"O conceito da Nidore é simples. Levar experiências em forma de velas à casa dos portugueses, com um impacto ambiental mínimo, com materiais sustentáveis, reutilizáveis e recicláveis, sem químicos prejudiciais e sem sacrificar as duas coisas mais importantes de uma vela: a estética e o aroma", explica Mário Soares, de 26 anos, à MAGG.

Puranna. A marca que encontrou no desperdício um tesouro para novas criações
Puranna. A marca que encontrou no desperdício um tesouro para novas criações
Ver artigo

Mário é responsável pela Nidore Candle Studio, embora ainda a part-time, que concilia com a sua atividade principal como gerente com funções administrativas numa empresa da Maia. A ligação às velas vem desde muito cedo, quando Mário ainda vivia com a mãe, que sempre teve velas acesas em casa "criando um ambiente muito acolhedor e cheiroso", lembra, acrescentando que esta atmosfera lhe fazia bem, mesmo nos dias maus.

Apesar de ter mudado de ares quando foi estudar Biologia para Coimbra, aos 18 anos, Mário Soares não mudou de hábitos. "Comprava sempre velas para tentar mimetizar o conforto de casa, que por vezes apertava. A minha curiosidade nata e a base dos meus estudos, fez-me, um dia, pesquisar mais sobre toda a temática das velas que comprava e de como são feitas, e a verdade não foi bonita", recorda, referindo-se ao momento em que descobriu os componentes prejudiciais à saúde.

Com os estudos — incluindo um mestrado em Medicina Legal e Ciências Forenses e uma Pós-Graduação em Gestão de Empresas — e o trabalho, as investigações foram esquecidas, mas o aroma continuou a pairar no ar até se tornar mais forte no dia em que se fez luz numa vela em casa de Mário.

"Em março de 2020, confinado em casa como tantos outros, com um trabalho mais folgado por estar em teletrabalho, a ideia voltou, literalmente, a acender uma vela. E pensei, bem, é agora ou nunca. Assim, o turbilhão de ideias voltou, e eu pus mãos à obra, no que mais tarde, se tornaria a Nidore Candle Studio", lembra.

Uma vela perfeita não existe, nem mesmo na Nidore Candle

Antes de começar a criar as velas, Mário sabia bem o que não queria: uma vela cuja verdade não fosse bonita, como aquela que havia encontrado há vários anos.

Contudo, não faltaram alternativas de ingredientes que iam ao encontro do conceito que queria para o projeto. As velas são então feitas com cera vegetal, sem aditivos e suave ao toque, compostas por óleo de coco e óleo de colza. Coco esse que provém da Filipinas, é certo, mas é cultivado de forma sustentável, uma vez que "não há desflorestação para plantação de palmeiras e existe um programa de reeducação das famílias que vivem destas plantações para a importância da sustentabilidade nas suas colheitas", explica o responsável da Nidore Candle Studio.

Mário descartou como hipótese usar cera de soja, uma vez que esta não se identifica com a ideologia ecológica da marca. "Acreditamos que o recente boom pela soja causou um descontrolo nas suas plantações, em que vemos florestas inteiras serem destruídas para abrir caminho para novas plantações de soja. Se há uma alternativa melhor, nós vamos sempre querer usá-la", destaca.

No mesmo sentido da responsabilidade ambiental, a Nidore Candle Studio quis que, além da vela, também o recipiente fosse mais amigo do ambiente. "Algo de que nos orgulhamos muito são os nossos recipientes", feitos em alumínio, refere Mário."É 95% reciclável, sendo possível reciclar 'para sempre'". E não faltam exemplos facilitados pelo facto de os recipientes terem tampa: pode colocar discos removedores de maquilhagem, conservar arroz, ou transformá-los num pequeno vaso.

Quanto aos aromas, Mário garante que não são usados ftalatos (um produto químico usado para amolecer plásticos), mas sim outros que, apesar não deixarem "de ser um produto químico, só não têm químicos nocivos à saúde".

Mas nada disto foi fácil de alcançar até chegar ao produto final: as velas Nidore Candle. "O maior desafio foi a procura da absoluta perfeição. Tal coisa não existe numa vela. Uma corrente de ar pode mudar o seu comportamento, uma sala mais fria ou mais quente. Até mesmo o tratamento da vela por parte do utilizador pode alterar o comportamento", explica Mário Soares, acrescentando que até para conseguir seis essências (quase perfeitas) foram precisos seis meses.

Do início da produção à rotulagem, tudo é feito manualmente por Mário Soares, com a ajuda da família, numa garagem que dá também nome ao projeto. "Os fins de semana são passados na garagem, gentilmente cedida pelos meus pais, a que carinhosamente chamamos o nosso 'Studio', a fazer velas", refere.

Do ambiente de faculdade à roupa lavada: conheça os aromas

Até ao momento, a Nidore Candle Studio ainda só lançou uma coleção — e sabemos que já está a ser preparada a nova coleção primavera-verão, a Vere, que será lançada em março —, mas, para já, pode contar com um total de sete fragrâncias para sete tipos de personalidade da coleção Authenticus.

Para os que gostam do inverno, a Insir, com notas de figos, groselhas e creme de coco, é ideal, enquanto os amantes de verão têm a Litore, com cheiro a algas, sândalo e brisa marítima. Para aqueles que estão no limbo entre as duas estações, há a Flos, cujo aroma reflete um misto de flores.

Há ainda três opções para os que, tal como nos perfumes, gostam de cheiros ora leves, ora intensos. No primeiro caso, a Pura, a mais simples, é a indicada, bem como a Bombacio, uma vez que, como descreve Mário, "cheira literalmente a roupa acabada de lavar". Para os amantes de cheiros intensos, a Dulce, um sucesso de vendas, marca a casa de aromas de toranja, baunilha e jasmim.

Feitas as contas, resta uma: a Hominis, "uma vela mais para a casa de um 'solteirão'", com notas de tabaco, mel e canela. "Faz-me lembrar os meus tempos de faculdade!", lembra Mário.

Há ainda um kit de experiência (9€), que além de permitir sentir um pouco de cada essência da marca, ajuda a aproveitar os poucos excedentes de cera que restam.

Além da coleção Vere que está a quase a chegar, em breve deverão ser ainda lançadas algumas novidades. "Estamos a trabalhar em dois novos produtos muito usados pelos portugueses para aromatizar a casa", avança Mário Soares.

As velas da Nidore Candle Studio custam entre os 7€ e os 17€, consoante o tamanho, e pode fazer a encomenda através do site.