O cinema e a televisão têm aqueles fenómenos meio estranhos que levam a que as pessoas tomem atitudes também elas estranhas. Como comprar máscaras esquisitas. Foi assim com "Scream", foi assim com "V de Vingança", e está a ser assim com "La Casa de Papel", a série espanhola que se tornou num fenómeno um pouco por todo o mundo e em que as personagens usam máscaras com o rosto do pintor Salvador Dalí.

É difícil explicar o que aconteceu aqui para que uma série espanhola que já leva alguns meses tenha, de repente, virado um fenómeno global, coisa que não se via para aí desde o "Verão Azul". O último episódio de "La Casa de Papel" foi transmitido em novembro de 2017 na Antena 3. Mas se até então o reconhecimento da série estava confinado ao território espanhol, tudo mudou com a aquisição dos direitos pela Netflix, no último mês de dezembro. Atualmente, além de ser uma das séries mais vistas de todo o catálogo da plataforma de streaming, é também uma das mais populares de sempre, segundo o IMDb. O sucesso inesperado também apanhou os atores desprevenidos que partilharam nas redes sociais algumas das situações caricatas que lhes acontecerem quando, de repente, se tornaram conhecidos em todo o lado. É o caso de Enrique Arce, na série Arturo Román, um dos chefes da Casa da Moeda e refém dos assaltantes, que foi reconhecido por um polícia na Califórnia, Estados Unidos, depois de ter cometido uma infração.

'La Casa de Papel' que conquistou o mundo (e enriqueceu produtores de máscaras de Dalí)

A segunda vida da produção espanhola parece marcar um novo paradigma que dita que o sucesso de uma série já não pode ser medido consoante o tempo em que permanece em emissão e a adesão dos espectadores durante esse espaço de tempo. Os hábitos de consumo mudaram e a presença da Netflix em 190 países ajuda a que todo o tipo de conteúdos extravase fronteiras e atinja níveis de popularidade até então improváveis. O "El País" escreve que, devido ao sucesso inesperado da série, já são várias as produtoras espanholas que olham para as plataformas de streaming "como potenciais aliadas na disseminação de conteúdo" para novos mercados. "La Catedral Del Mar", uma nova produção do grupo Atresmedia, já foi comprada pela Netflix numa altura em que ainda estão para ser iniciadas as filmagens.

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Embora a Netflix não revele os números referentes à popularidade e à adesão dos espectadores às séries, na listagem fornecida pela aplicação "TV Time", que semanalmente recolhe os dados de visualização dos utilizadores, "La Casa de Papel" ocupa há cinco semanas consecutivas o primeiro lugar de séries mais vistas. À frente de títulos como "Riverdale", "Anatomia de Grey" e "Carbono Alterado".

As máscaras das personagens são o acessório mais procurado

A máscara usada pelos oito assaltantes da série pode ser encontrada no eBay em situações de compra única ou de leilões — estando sujeita a alterações repentinas de preço com base na última licitação. Os preços podem ir dos 20 aos 30€, sem portes de envio.

Há ainda vários exemplares da máscara na loja Luxury & Trendy disponível por apenas 21€, sem portes. A empresa, com sede na China, envia as encomendas para qualquer parte do mundo.

O macacão vermelho está disponível através da loja La Casa de Papel, uma loja online especializada em todo o tipo de artigos relativos à série. Custa 40€ sem portes de envio.

Miguel Somsen, jornalista e crítico de cinema, diz à MAGG que o fenómeno é facilmente explicável dados os ritmos elevados de consumo que a Netflix permite. "A rapidez com que pegamos numa série é igual à rapidez com que largamos e seguimos para outra", continua, e diz que a empresa de streaming criou uma rotina muito própria que assenta na fidelização dos utilizadores à plataforma através de "meia-dúzia de produtos-bandeira". Para Miguel, a série é um reflexo da sobrevalorização da novidade do nosso tempo, em que o importante não é gostar ou não das coisas mas sim "saber o que são as coisas de que todos falam, criar a apetência e relatório de presença nas redes sociais, e só depois estabelecer uma apreciação sobre elas."

Contudo, olha para a Netflix como um sistema revolucionário na maneira como veio alterar as rotinas de distribuição, trazendo séries internacionais que outros canais ou distribuidoras de cinema tenham decidido largar.

No carnaval do Brasil, 'La Casa de Papel' marcou a tendência dos disfarces

A verdade é que o êxito de "La Casa de Papel" é tal que no Brasil os disfarces de Carnaval mais usados pelos populares foram os macacões vermelhos e a máscara com o rosto de Salvador Dalí. Dada a popularidade da série, os acessórios esgotaram nas grandes lojas online mais conhecidas e só estão disponíveis em leilões ou noutras lojas mais obscuras em que os preços podem ir dos 20 aos 70€.

A série espanhola conta para já com 13 episódios iniciais. A segunda parte da temporada trará novos seis episódios, e chega à Netflix a 6 de abril.

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